Os Maiores Jogadores da História dos eSports

Os esportes eletrônicos deixaram de ser um nicho de entretenimento para se tornarem uma indústria bilionária, capaz de lotar estádios e atrair milhões de espectadores simultâneos. E os atletas se encontram no centro dessa revolução, estes indivíduos com reflexos sobre-humanos e com uma dedicação mental que se compara à de qualquer esporte tradicional são os protagonistas do cenário.

Definir quem são os maiores de todos os tempos exige olhar além dos pontos anteriores. Envolve analisar a longevidade da carreira, a capacidade de adaptação às mudanças constantes dos jogos e o domínio demonstrado em momentos de alta pressão.

A UmGamer explorou a trajetória de seis dos maiores jogadores da história dos eSports, analisando suas conquistas, impacto cultural e por que eles são considerados gigantes em suas respectivas modalidades. Confira!

Lee "Faker" Sang-hyeok é a figura principal do League of Legends competitivo. O sul-coreano iniciou sua carreira profissional em 2013 pela SK Telecom T1 e rapidamente estabeleceu um padrão de excelência difícil de ser replicado. Sua estreia foi marcada por uma habilidade mecânica muito acima da média, permitindo que ele superasse adversários com facilidade em duelos individuais.

A carreira de Faker se destaca pela duração. A maioria dos profissionais de LoL tende a perder rendimento após três ou quatro anos devido ao desgaste mental e físico. Faker, no entanto, mantém-se na elite mundial há mais de uma década. Ele conquistou o Campeonato Mundial seis vezes, nos anos de 2013, 2015, 2016, 2023, 2024 e 2025. O quarto título, obtido dez anos após o primeiro, reforça sua capacidade de reinvenção.

Ele permaneceu na mesma organização, a T1, durante toda a sua trajetória. Essa estabilidade permitiu que ele liderasse diversas iterações da equipe, atuando tanto como a maior força ofensiva nos primeiros anos quanto como um facilitador estratégico para companheiros mais jovens nas temporadas recentes.

No cenário de FPS, especificamente no Counter-Strike: Global Offensive, o ucraniano Oleksandr "s1mple" Kostyliev atingiu um nível estatístico sem precedentes. Representando a organização Natus Vincere (NaVi), ele passou anos sendo apontado por analistas e colegas como o jogador mais habilidoso do servidor, mesmo quando sua equipe não vencia os torneios.

A busca de s1mple pelo título mais importante da modalidade, o Major, durou vários anos. Durante esse período, ele acumulou um número recorde de medalhas de MVP em competições, validando sua performance individual independentemente do resultado coletivo. Sua mecânica de jogo combina o uso agressivo de rifles de precisão com uma leitura avançada do posicionamento inimigo.

A consagração veio em 2021, no PGL Major Stockholm. A NaVi venceu o campeonato de forma invicta, sem perder nenhum mapa. Esse feito solidificou a posição de s1mple na história, unindo as estatísticas individuais monstruosas que ele sempre apresentou com o troféu coletivo que faltava em seu currículo.

Gabriel "FalleN" Toledo possui um papel duplo na história do Counter-Strike. Ele é um competidor de elite mundial e um gestor que viabilizou a profissionalização de uma região inteira. Antes de sua ascensão internacional, o Brasil estava isolado dos grandes campeonatos devido à falta de investimento e estrutura.

FalleN liderou o projeto que levou jogadores brasileiros para competir na América do Norte. Dentro do jogo, atuando como capitão e sniper, ele guiou as equipes Luminosity e SK Gaming à conquista de dois Majors consecutivos em 2016: MLG Columbus e ESL One Cologne. Naquele ano, o Brasil dominou o ranking mundial.

Seu diferencial sempre foi a liderança tática. Enquanto outros jogadores focavam apenas na mira, FalleN desenvolvia sistemas complexos de jogo e coordenava a equipe em tempo real.

A maior prova dessa peculiaridade do brasileiro são as suas atuações em alto nível até hoje. Como IGL (In Game Leader), FalleN guia a equipe da FURIA - que inclusive foi campeã de diversos torneios em 2025 -, e ajudou a garantir um primeiro lugar histórico nos rankings de CS2 disponibilizados pela HLTV e pela Valve.

Vale mencionar que, fora dos servidores, ele criou iniciativas para formar novos atletas, garantindo que o país continuasse revelando talentos para o mercado internacional.

O dinamarquês Johan "N0tail" Sundstein protagonizou uma das narrativas mais complexas do Dota 2. Após anos competindo em alto nível e vencendo Majors, ele fundou sua própria organização - a OG. O objetivo era criar um ambiente onde os jogadores tivessem mais autonomia e confiança mútua.

Em 2018, a equipe sofreu baixas críticas pouco antes do The International, o campeonato mundial com a maior premiação dos eSports. N0tail precisou reestruturar o time às pressas, e contra todas as probabilidades, a OG venceu o torneio. No ano seguinte, mantendo a mesma formação, eles repetiram o feito, tornando-se os primeiros bicampeões da história do The International.

A filosofia de N0tail priorizava a estabilidade emocional do grupo em detrimento da busca puramente técnica. Essa abordagem alterou a forma como muitas equipes enxergam a psicologia esportiva dentro do Dota 2. Ele se aposentou como o jogador mais bem pago da história em termos de premiação de torneios.

Antes da popularização massiva dos MOBAs e FPS modernos, o StarCraft: Brood War era a principal modalidade de eSports na Coreia do Sul. Nesse ecossistema altamente competitivo, Lee "Flash" Young-ho estabeleceu um domínio absoluto jogando com a raça Terran.

A carreira de Flash é marcada por um rigor técnico extremo. Ele vencia seus oponentes através de uma gestão macroeconômica perfeita e microgerenciamento de unidades sem erros. Durante seu auge, entre 2007 e 2011, ele conquistou múltiplos títulos da Starleague e da MSL, os torneios mais prestigiados da época.

Sua importância histórica reside na elevação do nível de profissionalismo. A rotina de treinos exaustiva e a análise de dados que Flash empregava serviram de modelo para as gerações futuras de jogadores coreanos em diversos outros jogos. Ele personificou a transição do videogame como hobby para uma disciplina de alta performance.

Daigo Umehara, conhecido como "The Beast", é a referência máxima em jogos de luta, especialmente na franquia Street Fighter. Diferente de outros gêneros de eSports, onde a carreira costuma ser curta, os jogos de luta permitem uma longevidade maior, e Daigo é a prova viva disso, competindo em alto nível desde a década de 1990.

Ele é o responsável pelo momento mais famoso da história competitiva, que já soma 10 milhões de visualizações: o "Evo Moment #37", ocorrido em 2004. Durante uma partida de Street Fighter III: 3rd Strike, Daigo realizou uma sequência defensiva perfeita (parry) contra o ataque especial de seu oponente enquanto tinha apenas uma fração mínima de vida restante, convertendo a defesa em vitória.

Daigo manteve sua relevância através de várias versões do jogo, do Street Fighter II ao Street Fighter 6. Ele publicou livros sobre a mentalidade competitiva, defendendo que o foco deve estar no aprimoramento contínuo e no aprendizado diário, em vez de focar apenas no resultado imediato das partidas.

A história dos eSports é definida totalmente por humanos. Faker, s1mple, FalleN, N0tail, Flash e Daigo Umehara não compartilham apenas reflexos rápidos, mas também uma mentalidade de campeão que os permitiu superar adversidades, inovar em suas estratégias e inspirar gerações.

Enquanto novas estrelas surgem em outros jogos, o legado desses seis titãs serve como o alicerce sobre o qual a indústria moderna foi construída. Eles provaram que videogames podem ser mais do que um passatempo: podem ser uma arena de glória, paixão e excelência humana.