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Do Luto à Redenção: O Adolescente que Jogou com o Pai Morto há Dez Anos

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Numa comovente história do destino, um jovem jogou videogame com seu pai falecido há uma década. Tudo por conta de um recurso maravilhoso nos jogos. Veja mais detalhes neste artigo!

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revisado por Tabata Marques

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Como os Bons Momentos Moldam Nossa Existência

A vida é um conjunto de momentos marcados por instantes. Alguns passam despercebidos, enquanto outros se gravam em nossa alma como marcas permanentes carregadas de significado e emoção. As memórias afetivas não são simples registros do passado, são como faróis que iluminam nossa jornada de vida, fontes de força em dias difíceis e testemunhas silenciosas do que realmente importa para nós.

A neurociência nos mostra que as memórias ligadas a emoções positivas tendem a ser mais duradouras. Essas recordações não apenas nos acompanham, mas também influenciam nossa saúde mental. Estudos mostram que reviver mentalmente experiências felizes reduz o estresse, nos fortalece e até estimula a produção de serotonina, o "hormônio da felicidade".

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A Construção da Identidade

Nossas experiências pessoais moldam quem somos. Algo que passamos na juventude, por exemplo, pode inspirar generosidade ao longo da vida. Cada memória é um tijolo invisível na construção do nosso "eu", refletindo valores, sonhos e conexões que nos definem.

Assim como são boas para nós, as memórias afetivas quando compartilhadas são uma forma de imortalizar o afeto, passando boas energias para outras pessoas. Quando pais contam aos filhos sobre aventuras familiares ou relembram viagens inesquecíveis, essas marcas transcendem o tempo, criando pontes entre nossa vida e provando que o amor deixa rastros eternos.

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Uma das histórias mais comoventes no mundo dos games

Em 2014, uma história emocionante viralizou na internet, tocando o coração de milhares de pessoas ao redor do mundo. O protagonista é um adolescente que descobriu uma forma única de se reconectar com o pai, falecido há dez anos.

Como? Jogando videogame juntos e trazendo de volta as memórias que estavam guardadas - não no jovem, mas sim em um console!

A história começou da forma mais simples e tomou uma proporção gigante, comovendo vários internautas, e levou até um cineasta a criar um curta-metragem emocionante.

Embarque comigo nesse mar de emoções afetivas com uma história que, além de linda e emocionante, nos mostra que podemos nos redimir através de nossas memórias afetivas!

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

A História de Pai e Filho

Tudo começou quando o pai comprou um Xbox Clássico, aquele lançado em 2001. Nessa época, o garotinho tinha apenas quatro anos. Pai e filho passavam horas se divertindo juntos, especialmente com um jogo de corrida. No entanto, essa fase de alegria foi interrompida tragicamente quando o menino tinha seis anos e o pai faleceu.

A dor da perda foi tão intensa que o garoto decidiu abandonar o Xbox, evitando tocar no console para não reviver as memórias afetivas dos momentos que passou com o pai, pois isso seria doloroso naquele momento. O console ficou guardado por uma década, acumulando poeira e lembranças.

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

Encontrando o "Fantasma" do Pai

Dez anos se passaram, e já adolescente, o jovem com o apelido de 00WARTHERAPY00 na internet, resolveu enfrentar seus medos e ligar o Xbox novamente. Ao iniciar o jogo RalliSport Challenge que costumavam jogar juntos, ele fez uma descoberta surpreendente: encontrou o "fantasma" do pai que ainda estava lá, na memória do console.

No RalliSport Challenge, quando um jogador bate o recorde de uma volta mais rápida, o sistema salva a performance como um "Carro Fantasma" (Ghost Car), e uma representação translúcida é mostrada na tela com todo o tempo e a corrida salva. Esse"Carro Fantasma" fica correndo ao lado dos próximos jogadores em partidas futuras. O pai de 00WARTHERAPY00 havia deixado seu recorde registrado, e o adolescente pôde, de certa forma, "jogar" novamente com ele.

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

O garoto descreveu a experiência como profundamente emocionante, visto que essa era uma lembrança de algo que o pai fez em vida, e todos os movimentos e a forma como o pai jogava estavam ali diante de seus olhos.

00WARTHERAPY00 começou a jogar "contra" o pai, num misto de alegria, saudade e redenção. Ele passou dias tentando superar o recorde do pai e quando finalmente conseguiu ultrapassar o carro e estava prestes a vencê-lo, ele simplesmente tirou o dedo do acelerador e parou antes da linha de chegada, esperando que o "Carro Fantasma" do pai o ultrapassasse e o vencesse.

Esta ação do adolescente foi totalmente consciente, pois se ele vencesse o carro do pai, o sistema substituiria o tempo em um novo recorde e apagaria o tempo e o "Carro Fantasma" do pai. Para ele, aquela era uma forma de manter viva a memória do seu velho e de reviver os momentos de conexão que eles compartilhavam.

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

Como a história viralizou na internet

Essa história emocionante começou quando o canal PBS Game/Show postou um vídeo com uma pergunta: "Os videogames podem ser uma experiência espiritual?".

“Você já teve uma experiência enquanto jogava que era tão transcendente, tão poderosa, que quase poderia ser descrita como espiritual? Quer você se considere uma pessoa religiosa ou não, o sentimento de conexão cósmica pode atingir qualquer um. Mas há algo sobre os videogames que se presta a essa experiência elevada? Eles podem ser mais do que apenas um jogo?”

Várias pessoas compartilharam suas opiniões, mas um comentário em especial chamou a atenção de todos. Esse comentário era de 00WARTHERAPY00.

“ Bem, quando eu tinha 4 anos, meu pai comprou um XBox. Você sabe, o primeiro, robusto e quadrado, de 2001. Nós nos divertimos muito, muito e muito jogando todos os tipos de jogos juntos – até ele morrer, quando eu tinha apenas 6 anos.

Não consegui tocar naquele console por 10 anos.

Mas quando o fiz, notei algo.

Costumávamos jogar um jogo de corrida, Ralli Sports Challenge. Na verdade, era muito legal para a época.

E quando comecei a mexer… encontrei um FANTASMA.

Literalmente.

Você sabe que quando acontece uma corrida de tempo, a volta mais rápida é registrada como um piloto fantasma? Sim, você adivinhou – o fantasma dele ainda corria pela pista.

E então eu joguei e joguei, e joguei, até que quase consegui vencer o fantasma. Até que um dia eu o ultrapassei, e...

Parei bem na frente da linha de chegada, só para garantir que não iria apagá-lo.

Bênção."

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O comentário que comoveu a comunidade

Não demorou para que um simples comentário, que na maioria das vezes passa despercebido, ganhasse vários likes, respostas e o vídeo ganhasse notoriedade. Com isso, outros jogadores compartilharam suas histórias no vídeo.

Destaquei algumas:

"Um dos comentários mais tocantes que já vi no YouTube." "Sou da China e não consegui parar de chorar quando meu namorado me enviou sua resposta. Espero que você seja feliz todos os dias." “Eu costumava brincar com meu irmão mais novo o tempo todo anos atrás (1 ano de diferença de idade). Eu chutava a bunda dele “literalmente” sempre que ele me vencia, o que era a maior parte do tempo. Ele faleceu, que descanse em paz, aos 15 anos”. "Me deparei com essa história no jornal da Internet de Hong Kong. Eu não jogo videogame, mas fiquei muito comovido com sua história. Obrigado por compartilhar!"“Cara, eu não consigo lidar com isso. Isso me atinge muito. Eu costumava jogar videogame com meu pai também. Nós jogávamos Mario Kart 64 e Zelda. Ele morreu quando eu tinha 16 anos. Como eu invejo aquele piloto do Ghost. :'(”

Os comentários nos mostram que, como seres humanos, subestimemos muito todas as memórias que construímos em nossas vidas. Muitas vezes, o que importa não é o jogo em si, mas a oportunidade que temos de nos conectar e compartilhar momentos únicos com amigos e entes queridos.

Os momentos espontâneos, ouvindo os risos descontraídos e simplesmente esquecendo que existe um mundo lá fora, nos mostram que não estamos só competindo, vencendo um chefe ou fases, mas sim criando memórias e que nenhum valor, por maior que seja, pode comprá-las ou substituí-las.

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

O Impacto da História

A narrativa de 00WARTHERAPY00 tocou profundamente o público, especialmente aqueles que já vivenciaram a perda de um ente querido. A ideia de que os videogames podem servir como uma ponte para memórias e conexões emocionais foi amplamente discutida, destacando o potencial dos jogos como ferramentas de cura e reflexão.

Além disso, a história reforçou a importância de preservar memórias digitais, seja através de fotos, vídeos ou, como neste caso, registros em jogos eletrônicos. Para 00WARTHERAPY00, o "fantasma" do pai no Xbox não era apenas um recorde, mas uma lembrança viva de um amor que transcende o tempo e a distância.

O mais legal dessa história é que, mesmo com toda repercussão, 00WARTHERAPY00 permaneceu no anonimato, se preservando e deixando para nós uma mensagem poderosa de que, não importa a notoriedade que temos, o que deixamos de bom para o próximo é o que conta no final.

Assim como seu pai deixou uma memória para ele de forma anônima, ele nos deixou algo poderoso mesmo sendo anônimo, assim como o carro fantasma do pai que lhe trouxe resiliência mesmo não estando fisicamente lá!

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

A Inspiração para o Filme Player Two

A história de 00WARTHERAPY00 chamou a atenção do cineasta John Wikstrom, que decidiu transformá-la em um curta-metragem intitulado Player Two. O vídeo, baseado em eventos reais, retrata a jornada emocionante do adolescente ao reencontrar o pai através do jogo de videogame. A produção foi inspirada diretamente no comentário do jovem no YouTube, que viralizou e se tornou mais popular do que o próprio vídeo que o inspirou.

Player Two não reconta apenas a história, mas também explora temas como luto, memória e a capacidade dos videogames de proporcionar experiências emocionais que transcendem a espiritualidade. O curta foi aclamado por sua sensibilidade e por capturar a essência da conexão entre pai e filho, mesmo após a morte.

A Eternidade

Essa história nos mostra que, enquanto o tempo avança de forma implacável, nossas memórias afetivas nos permitem desafiar a vida. Elas são provas de que, embora os momentos passem, nossa essência permanecerá viva, como uma canção tão linda que ecoará dentro de nós mesmo após a última nota ou suspiro.

Por isso, valorizar e criar bons momentos não é apenas uma forma boa de se cuidar, mas sim um tributo à nossa finita humanidade. Afinal, são essas memórias que, no fim de tudo, contarão histórias verdadeiras e belas sobre o amor... e principalmente quem fomos, quem somos e quem seremos para sempre!

“No fim, não nos lembraremos das palavras dos inimigos, mas do silêncio dos amigos.”

- Martin Luther King Jr.

Reprodução/Player Two
Reprodução/Player Two

Conclusão

A história de 00WARTHERAPY00 é um testemunho poderoso de como a tecnologia pode nos ajudar a lidar com a perda e manter viva a memória daqueles que amamos. O curta-metragem Player Two, inspirado nessa narrativa, leva essa de uma forma mais forte, celebrando a conexão entre pais e filhos e a capacidade dos videogames de criar experiências verdadeiramente únicas.

E você, já viveu algo assim ou conhece alguma história semelhante? Nos conte nos comentários!

Até o próximo artigo!