Sucesso Não é Qualidade
Nem todo jogo que vende pouco ou recebe críticas mistas merece ser esquecido. Em muitos casos, verdadeiras pérolas acabam esquecidas por críticas de youtubers que deixam seu ego ou gosto pessoal falar mais alto, expectativas surreais dos proprios jogadores, lançamentos de jogos concorrentes ou por estratégias de marketing falhas.
Neste artigo, vamos conhecer 10 jogos que, apesar de floparem comercialmente ou criticamente, são incrivelmente bem construídos, com qualidades que merecem seu reconhecimento e uma segunda chance.
Star Wars Jedi: Survivor
Lançado em 2023 como sequência de Star Wars Jedi: Fallen Order, Jedi: Survivor prometia melhorar e expandir tudo que seu antecessor apresentou de bom. O jogo trouxe um mundo mais vasto, combates refinados e uma história consistente, com um Cal Kestis mais maduro e uma galáxia em colapso.
No entanto, o lançamento foi marcado por problemas de desempenho, especialmente no PC, algo que prejudicou sua recepção inicial. Mesmo com esses tropeços técnicos corrigidos, a impressão que ficou foi de um jogo mal feito. Porém, a experiência é muito rica em sua narrativa, exploração e combate, fazendo dele um dos melhores jogos da franquia. Infelizmente, um título que foi vítima de bugs, mas sua qualidade é excelente.

Enslaved: Odyssey to the West
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Inspirado no clássico romance chinês Jornada ao Oeste, Enslaved foi lançado em 2010 pela Ninja Theory. O jogo combinava ação, plataforma e uma narrativa emocionante, com destaque para os protagonistas Monkey e Trip, cuja relação evolui de forma natural ao longo da campanha.
Com um mundo lindo e uma trilha sonora de tirar o fôlego, Enslaved não teve sucesso comercial, mesmo com críticas positivas ao jogo. Foi prejudicado por um marketing ineficiente e por estar à frente de seu tempo. Ainda assim, é uma obra-prima em narrativa que merece ser jogada e lembrada como uma das experiências mais humanas dos videogames.

The Order: 1886
Esse aqui é um dos exemplos que me pergunto até hoje: por que as pessoas implicaram tanto com The Order: 1886? Poucos jogos causaram tanto impacto visual quanto ele na época de seu lançamento, em 2015. Os gráficos cinematográficos eram simplesmente impressionantes e a ambientação vitoriana steampunk do jogo prometia ser um marco do PS4.
Mas o problema para os jogadores não era a obra de arte em si, mas o seu tempo de duração. Com uma campanha de cerca de 6 horas, sendo um jogo mais linear, sofreu severas críticas principalmente por youtubers, o que gerou uma espécie de "boicote" ao jogo. Porém, quem decidiu entrar na atmosfera do game encontrou um universo fascinante, com combates muito focados e um enredo maravilhoso envolvendo cavaleiros, rei Arthur, lobisomens e conspirações. The Order é uma obra de arte que sofreu por decisões de design no tempo de duração do jogo, mas principalmente sofreu pelo hype e expectativas erradas, porém, é uma experiência imersiva que só quem viveu ou vai viver sabe da sua importância e brilho.

Ryse: Son of Rome
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Lançado como título de lançamento do Xbox One em 2013, Ryse impressionou com seus gráficos realistas e combate cinematográfico ambientado na Roma Antiga. Desenvolvido pela Crytek, o jogo foi criticado por ser linear e com mecânicas simplificadas, mas quem jogou com a mente aberta percebeu sua qualidade visual e narrativa.
A história de vingança de Marius é contada com uma intensidade digna dos filmes de Ridley Scott, e o combate, embora repetitivo, é satisfatoriamente brutal. Ryse foi muito subestimado por seu estilo, mas o jogo é uma experiência épica que ainda é difícil de igualar até hoje. Um fato interessante é que o jogo acabou virando um "meme" com seus graficos sendo comparados aos jogos atuais que muitas vezes não chegam perto de sua qualidade gráfica.

Guardians of the Galaxy
Após a decepção de Marvel’s Avengers, os jogadores ficaram desconfiados com outro jogo da Marvel. E aparece Guardians of the Galaxy, da Eidos-Montréal, sendo lançado em 2021 sem grandes expectativas e que acabou surpreendendo. Com uma campanha single player focada em narrativa, personagens extremamente carismáticos, diálogos constantes e hilários, o jogo é fiel ao espírito dos quadrinhos e dos filmes.
Com um sistema de combate muito criativo e uma trilha sonora que deixa a experiência extremamente emocionante, é uma obra de arte. É o jogo com mais conversas entre NPCs já feito, os diálogos não param e dificilmente são repetidos, deixando o gameplay com uma experiência de estar jogando com um grupo de amigos.
Infelizmente, o marketing falhou em não criar uma boa expectativa e acabou deixando o trauma de Avengers afetar as vendas. Com o tempo, o jogo conquistou o status de cult, sendo considerado por muitos como uma das melhores adaptações de super-heróis para o universo dos videogames.

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Mad Max
Baseado no universo pós-apocalíptico de George Miller, Mad Max saiu em 2015 e sofreu com o timing de lançamento. Chegando às lojas no mesmo dia que Metal Gear Solid V: The Phantom Pain que tinha um hype gigantesco por parte dos jogadores, algo que acabou ofuscando o game. Apesar disso, o jogo entregou um mundo aberto extremamente bonito, com combates de veículos intensos, um protagonista maduro e endurecido por sua história e um senso de sobrevivência avassalador.
A repetição de objetivos foram críticas válidas, mas não é suficiente para apagar o brilho de Mad Max. Embora o jogo tenha sofrido com a falta de marketing, ele é um exemplo de design de mundo aberto árido e imersivo, onde cada peça de sucata tem valor. Para os jogadores que deram uma chance ao universo do jogo, encontraram uma diamante enterrado na areia do deserto digital.

Quantum Break
Produzido pela Remedy, Quantum Break trouxe algo ousado, mesclar um jogo de ação em terceira pessoa com uma minissérie em live-action de altíssima qualidade. A proposta é muito inovadora, as escolhas no jogo influenciam os episódios da série, tudo entrelaçado por uma história de viagem no tempo. Com um sistema de combate sólido, cinematográfico, e poderes temporais únicos, a proposta confundiu parte do público e que não estava acostumada com esse tipo de ideia, algo que acabou dividindo opiniões.
Mesmo com um elenco de peso como Shawn Ashmore, Aidan Gillen, Lance Reddick, Quantum Break não conseguiu manter o interesse do mercado, talvez por ousar demais ou pela campanha de marketing que deveria ser mais agressiva, algo que nunca saberemos. O que sei, é que o jogo é uma das experiências mais singulares (usando o trocadilho de viagem no tempo) e corajosas, sendo um verdadeiro marco na experimentação narrativa nos games.

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Shadow of the Tomb Raider
Encerrando a trilogia iniciada de 2013, Shadow of the Tomb Raider colocou Lara Croft no ápice de sua jornada, explorando o lado mais sombrio e introspectivo da personagem. Com ambientes exuberantes na América do Sul, puzzles bem elaborados e um visual gráfico impressionante, o jogo oferece um gameplay fluído, sólido e denso.
Infelizmente, Shadow of the Tomb Raider foi lançado em um período competitivo, próximo a jogos como Spider-Man (PS4) e Red Dead Redemption 2 que estavam com um hype gigantesco por parte dos jogadores, e com certeza isso ofuscou seu impacto comercial. Ainda assim, Shadow é um jogo maravilhoso, com uma história mais madura, foco em exploração e sobrevivência, sendo talvez o melhor e mais profundo da trilogia.

Alien: Isolation
Quando Alien: Isolation foi lançado em 2014, o público esperava mais um shooter baseado na famosa franquia de ficção científica. Mas o que receberam foi um jogo de horror com sobrevivência, tenso e atmosférico, onde a criatura xenomorfa (o Alien), era praticamente invencível. O ritmo lento, os recursos limitados somados a necessidade de se esconder ao invés de lutar causaram estranheza em muitos jogadores, especialmente aqueles acostumados com ação frenética.
Mas quem resolveu jogar, descobriu uma obra-prima de imersão, com uma direção de arte impecável com uma fidelidade assustadora ao filme original. Hoje, Isolation é reverenciado como um dos melhores jogos de terror da década.

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Remember Me
Lançado em 2013 pela Dontnod Entertainment (antes de lançar Life is Strange), Remember Me apresentou um futuro cyberpunk extremamente fascinante, onde memórias podem ser manipuladas como dados. A protagonista, Nilin, é uma caçadora de memórias, e percorre uma Paris distópica em busca de seu passado e de justiça.
Apesar de seu sistema de combate ter sido criticado por falta de variedade, o design visual, a ambientação e os segmentos de "remix de memória" mostraram um nível de criatividade absurdamente inovador. Embora Remember Me não tenha tido boas vendas, ele lançou as bases de uma desenvolvedora que brilharia mais tarde com narrativas emocionantes. Esse é um daqueles jogos muito à frente de seu tempo, que talvez tenha sido apenas lançado na época errada, mas que merece ser lembrado.

Conclusão
O sucesso comercial nem sempre reflete a qualidade de um jogo. Os jogos desta lista provam que, por trás de cada flop, pode haver uma experiência única e marcante, às vezes ousada e artisticamente relevante para os jogadores. Muitos desses jogos foram vítimas de fatores e contextos desfavoráveis, como lançamentos concorrentes, campanhas de marketing ruins ou expectativas excessivas. Mas todos eles têm algo em comum, excelência em aspectos fundamentais do game design, seja em sua narrativa, ambientação, visual ou gameplay.
Com o tempo, muitos desses títulos ganharam o reconhecimento que merecem, seja por meio de relançamentos, comunidades dedicadas ou revisões críticas como esta. Para jogadores dispostos a sair da rotina convencional, há várias obras-primas esperando para serem descobertas. Em uma indústria que valoriza apenas números, é crucial lembrar que nem todo fracasso de vendas é um fracasso criativo. Às vezes, os melhores jogos são aqueles que o mundo ainda não percebeu que ama.
E você, tem algum jogo que colocaria nesta lista de games que floparam, mas mercem uma chance? Me conta aqui nos comentários.
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