Sinopse de Discounty
Discounty é um simulador de administração de supermercado que mistura a rotina de gerir prateleiras e caixas registradoras com a vida em uma cidade pequena.
Você chega a Blomkest para assumir o mercado da sua tia e, aos poucos, precisa expandi-lo, negociar com comerciantes locais e conquistar a clientela.
O jogo equilibra o aconchego típico dos cozy sims com uma camada de comentário social, já que, no fundo, você representa uma grande rede que está transformando a vida da comunidade.

Informações técnicas
O jogo foi desenvolvido pela Crinkle Cut Games e publicado pela PQube. Está disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox Series e PC, com uma demo gratuita em todas as plataformas.
A duração média é de cerca de 40 dias in-game (ou três capítulos), mas cada jogador pode gastar muito mais tempo se quiser se dedicar ao gerenciamento minucioso do supermercado.
Confira o trailer oficial:
Analisando Discounty
História e atmosfera
Logo de início, Discounty se apresenta como um jogo acolhedor, mas há um pano de fundo mais complexo. A narrativa coloca o jogador como peça central de uma mudança econômica em Blomkest: um supermercado de rede chegando a uma cidade pequena, mexendo com hábitos e com o modo de vida dos moradores.

Essa dualidade é interessante: de um lado, a rotina de organizar prateleiras e atender clientes (que acabamos por gostar muito); do outro, um subtexto sobre consumismo, crescimento infinito e o impacto das grandes corporações em comunidades locais.
Infelizmente, o jogo só arranha a superfície desse comentário social. Ele sugere, mas raramente aprofunda. Ainda assim, é um tempero que o diferencia de outros simuladores do gênero.

A cidade de Blomkest
Blomkest é pequena, mas cheia de personalidade. Ela se divide em quatro áreas principais: o centro, a fazenda, a floresta e o porto, cada uma com personagens, atmosferas e histórias próprias.
O barulho do mar no porto, o clima misterioso da floresta, a calmaria rural da fazenda: todos ajudam a criar uma sensação de lugar vivo, mesmo que em alguns momentos o conteúdo pareça subaproveitado.

Alguns prédios e locais sugerem mais profundidade, mas acabam não sendo tão utilizados na campanha. Isso gera uma leve frustração, porque o mundo parece ter espaço para mais narrativas do que o jogo entrega.
Apesar disso, Blomkest cumpre bem o papel de cenário, com personagens simpáticos, pequenas intrigas e um charme que sustenta a atmosfera de "cozy game".

O interessante é que tem um centro de reciclagem no jogo, que mesmo que seja trabalhoso de usar, considero o fato de existir isso no jogo ser importante para a gente lembrar que... bom, às vezes, poderíamos levar nossas caixas e tranqueiras para a reciclagem também, né?
Jogabilidade
Administrar o supermercado é o ponto principal do jogo. Você abre as portas às 9h, organiza os produtos, atende clientes e cuida da limpeza, do estoque e das negociações. O ciclo diário vai passando e você mal percebe, por que faz você pensar “só mais um dia!” e de repente perceber que já passou horas jogando.

Cada expansão nova traz novos desafios e produtos, além de poder negociar com os produtores locais. Há bastante liberdade para rearrumar prateleiras, decorar o espaço e imaginar a sua lojinha, mesmo que a estética não traga vantagens mecânicas (e talvez esse pudesse ser um ponto a melhorar: e se diferentes tipos de decoração dessem bônus?).
Além disso, há desafios opcionais que oferecem pontos para melhorar o mercado e adicionar variedade ao dia a dia.

Porém, nem tudo funciona tão bem. Na parte final, a rotina começa a pesar: relatórios diários longos e não puláveis quebram o ritmo, e alguns bugs (como clientes presos em corredores ou filas confusas no caixa) atrapalham bastante.
O jogo tem boas ideias de microgestão, mas em certos momentos falta polimento para manter a diversão até o fim.
Áudio e visual
O estilo visual em pixel art é charmoso, com cenários detalhados e ambientes que mudam conforme a narrativa avança. Cada área da cidade tem uma identidade própria, e mesmo sem gráficos sofisticados, o clima é bastante aconchegante. E os personagens são muito fofinhos!
O áudio também merece destaque: tanto a trilha quanto os efeitos sonoros ajudam a criar a sensação de estar em um supermercado de verdade. O barulho do caixa registrador, em especial, dá um prazer inesperado de repetir a tarefa.
Interface e controles
Aqui, Discounty divide opiniões. O ponto de venda (POS), ou seja, a parte de operar a caixa registradora, é surpreendentemente satisfatório para alguns, e um pouco irritante para outros.
Digitar os preços manualmente com o direcional e os botões cria uma experiência tátil, especialmente no DualSense do PlayStation, onde até os gatilhos adaptativos entram em cena. É o tipo de detalhe que transforma uma tarefa repetitiva em algo divertido.
Na minha opinião, não curti tanto a parte da calculadora de caixa registradora. Como eu movia pelo "teclado numérico" através do analógico, muitas vezes acabava colocando algum número errado, principalmente nas diagonais. Quando a loja tinha mais movimento, isso me deixava bem frustrada.

Além disso, alguns problemas de usabilidade acabam atrapalhando. A mesma tecla serve para interagir com clientes, itens e objetos, o que gera confusão em áreas apertadas.
O relatório diário, como já mencionado, não pode ser pulado. E certas decisões de design (como não poder armazenar prateleiras extras e precisar jogá-las fora) acabam tornando a administração mais engessada do que deveria.

Acessibilidade
Um ponto positivo é que o jogo já chega com 11 opções de idioma, incluindo português, espanhol, francês, japonês, coreano e até dinamarquês. Para um título indie, esse é um cuidado notável e que o torna acessível para uma base muito maior de jogadores.
Prós – Por que jogar
- Loop de jogabilidade satisfatório, com progressão constante.
- Estilo visual charmoso em pixel art.
- Caixa registradora divertida de usar.
- Atmosfera cozy com toques de crítica social.
- Disponível em várias plataformas e com demo gratuita.
- 11 opções de idioma.
Contras – Por que não jogar
- A história não aprofunda a crítica social que sugere.
- Relatórios diários não podem ser pulados.
- Alguns bugs atrapalham a jogabilidade.
- Conteúdo da cidade subaproveitado, com locais e quests sem uso.
- O ritmo pode ser um pouco cansativo ao final do jogo.
Afinal, vale a pena comprar Discounty?

Discounty é um cozy game que pega uma atividade aparentemente banal (administrar um supermercado) e a transforma em algo interessante e confortável. O jogo tem carisma, boas ideias e um loop de jogabilidade que pode prender por horas. Ao mesmo tempo, não escapa de problemas técnicos e de design, além de não explorar ao máximo o comentário social que poderia torná-lo memorável.
No fim, eu diria que Discounty vale a pena para quem gosta de simuladores aconchegantes e criativos, mesmo com algumas falhas de polimento.
É divertido, diferente e, na maior parte do tempo, relaxante. Porém, se você espera uma experiência mais profunda e sem tropeços técnicos, talvez seja melhor esperar por futuras atualizações, ou até pelo próximo jogo do estúdio, que claramente tem potencial para voos ainda mais altos!
Ah, e se você gosta de cozy games de simulação tanto quanto eu, recomendo o review de Tiny Bookshop também. Até o próximo artigo!
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