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Remakes e Ramasters: Por que Tantas Velhas Novidades no Mundo dos Games?

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Quando um jogo é recente e já funciona perfeitamente, o relançamento soa como excesso? Quando o original está inacessível ou datado, o remake passa a fazer sentido? Vamos discutir.

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revisado por Romeu

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Remakes e remaster são um dos tópicos mais polêmicos e debatidos entre os gamers. Por um lado, existem aqueles defensores dos jogos antigos, que acham que os jogos devem ser apreciados em seu estado original, como foram feitos, como foram desenvolvidos, porque aquela seria a visão original de seus autores.

Outros querem ver novidades. Querem ver seus jogos favoritos modernizados e remasterizados, para que aquela aventura incrível não seja esquecida e seja apreciada pelas novas gerações, com gráficos modernos e controles mais precisos, até mesmo, com uma dificuldade menor, para que os jogadores possam aproveitar o game em consoles modernos.

As empresas, por suas próprias razões, fazem seus remakes e remasters com base em seus próprios números e propósitos. Muitas vezes, os objetivos das empresas e as expectativas dos jogadores não se alinham. A qualidade dos jogos nem sempre sai como esperado e muitos prolemas podem acontecer, mas, a dúvida é: Por que tantos remakes e remasters? Vamos falar sobre como as empresas têm focado em trazer de volta velhos jogos com novas roupagens e a recepção disso por parte dos jogadores e, se ficar com dúvidas, deixe um comentário.

Motivações, Exemplos e Controvérsias

A discussão sobre remakes e remasters nunca esfria no mundo dos games, justamente porque esse tipo de projeto toca em três áreas sensíveis: dinheiro, memória afetiva e preservação. Por um lado, esses relançamentos movimentam a indústria e dão sobrevida a franquias que já provaram seu valor. Por outro, geram críticas constantes quando parecem existir apenas para encher calendário ou explorar fãs.

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Entender esse cenário exige olhar para as motivações que movem as empresas, os acertos, os erros e os casos em que o público simplesmente não vê necessidade no retrabalho. Ao mesmo tempo, vale analisar por que tantas séries pedidas há anos continuam encostadas, mesmo com demanda clara.

As motivações econômicas, criativas e estratégicas

A razão mais óbvia para a existência de remakes e remasters é econômica. Produzir algo baseado em um jogo já conhecido sempre envolve menos risco do que apostar em uma franquia nova. A própria indústria reconhece isso abertamente: remasters e remakes são investimentos de retorno previsível, porque partem de uma marca já estabelecida e de um público que, normalmente, tem alguma ligação anterior com o título.

Dados do mercado mostram que remakes, inclusive, tendem a gerar um gasto médio dos jogadores mais que dobrado em comparação com remasters, justamente por exigirem um retrabalho maior e serem vendidos como “experiências completas”. Essa lógica de redução de risco aparece também nos comentários de desenvolvedores.

Diversos estúdios enxergam remasterizar um jogo como uma decisão pragmática: envolve menos esforço do que criar algo totalmente novo e garante uma fonte de receita estável enquanto outros projetos maiores avançam nos bastidores. Além disso, os relançamentos servem como parte de um planejamento estratégico, preenchendo espaços no calendário de lançamentos.

Quando um estúdio sabe que sua grande sequência ainda está longe de terminar, colocar um remake no meio do caminho mantém a franquia viva, ocupa a atenção de público e mídia e evita o sumiço do nome da série por tempo demais.

Outro fator é a chance de treinar equipes. Atualizar um jogo já existente costuma ser um processo mais controlado que desenvolver algo do zero. Estúdios menores ou grupos recém-formados conseguem aprender o pipeline de produção sem a pressão total de um título inédito. Isso mantém talentos trabalhando, impede períodos longos de ociosidade e ainda ajuda editoras a organizarem sua estrutura interna.

Mas as motivações não são só financeiras. Há também um lado criativo ligado à ideia de rejuvenescer franquias. Muitos remakes conseguem atualizar controles, câmeras, design de interface, iluminação e até estrutura narrativa sem apagar o que fez o original funcionar. O resultado é um jogo que respeita o passado, mas entrega um padrão técnico atual, acessível para quem nunca teve contato com a obra original. Esse equilíbrio, quando bem feito, costuma atrair tanto jogadores antigos quanto novos, ampliando o alcance da marca sem se afastar de sua essência.

O interesse renovado da mídia e dos jogadores também é relevante. Um remake bem-feito reacende discussões, análises, vídeos e comparações, trazendo de volta temas, personagens e histórias que estavam fora do radar há anos. A nostalgia impulsiona esse movimento, mas não sustenta tudo sozinha: a obra precisa ter força suficiente para existir também no presente.

Remakes e remasters que deram certo

Quando a recriação é bem conduzida, o resultado costuma virar referência na própria indústria. Um dos casos mais citados é o remake de Resident Evil 2, lançado em 2019. A Capcom conseguiu modernizar um clássico de 1998 sem apagar o clima de tensão que definiu o jogo original.

Os visuais receberam uma reconstrução completa, os controles abandonaram aquela rigidez antiga e a narrativa foi reorganizada para se encaixar em um padrão contemporâneo de ritmo. Mesmo assim, o jogo preservou o terror de sobrevivência e as campanhas de Leon e Claire continuaram funcionando como dois pontos de vista complementares, mantendo suspense e impacto. A recepção crítica e do público mostrou que existe valor em repensar um clássico quando há cuidado real no processo.

Outro exemplo é Final Fantasy VII Remake, de 2020, que pegou um dos títulos mais celebrados dos anos 90 e entregou algo que não era só uma modernização, mas uma reinterpretação. O jogo manteve elementos essenciais — personagens marcantes, visuais de alto nível, música forte e apelo emocional — ao mesmo tempo em que adotou um sistema de batalha híbrido, misturando ação em tempo real com pausas táticas.

A expansão de vários trechos da história deu profundidade extra aos protagonistas e reforçou sua personalidade. Esse tipo de abordagem dividiu opiniões entre puristas, mas rendeu elogios consistentes e milhões de unidades vendidas, provando que um remake também pode funcionar como plataforma para reinventar uma experiência, desde que não distorça o que fez o original ser amado.

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Há também casos de fidelidade extrema, como o remake de Shadow of the Colossus de 2018. Ali, a proposta não era reinventar nada, e sim reconstruir tudo com tecnologia atual, mantendo cada detalhe, atmosfera e intenção da obra original do PS2. Vários aspectos foram modernizados, como movimentação, câmeras, acessibilidade e performance, mas a essência contemplativa — aquela sensação de solidão e grandiosidade durante os confrontos com cada colosso — permaneceu intocada. O cuidado técnico e artístico fez esse remake ser visto como uma porta perfeita tanto para quem jogou na época quanto para quem estava chegando pela primeira vez.

Quando remakes e remasters dão errado

Se existem remakes celebrados, também há exemplos de desastres completos. Um dos casos mais infames é Warcraft III: Reforged, lançado em 2020. Apesar de prometer ser a “versão definitiva” do clássico de estratégia, o jogo acabou entregando menos do que o original, com perda de funções básicas. Vários recursos desapareciam ao atualizar para Reforged: lobbies ranqueados, modo offline, clãs, torneios automáticos e até campanhas customizadas criadas pela comunidade.

Para piorar, houve falhas técnicas sérias, desde texturas estranhas até animações inferiores às da obra de 2002. O EULA polêmico que dava à Blizzard direitos sobre qualquer mod criado pelos jogadores agravou o clima. O resultado foi rejeição maciça e uma nota de usuário historicamente baixa.

Outro exemplo negativo é GTA: The Trilogy – Definitive Edition, de 2021, que deveria relançar GTA III, Vice City e San Andreas em uma coletânea moderna. O que o público recebeu, porém, foi uma edição cheia de bugs grotescos, problemas gráficos, chuva artificial absurdamente pesada, objetos deformados e falhas tão grandes que fizeram a versão de PC ficar indisponível por dias.

Além disso, músicas importantes foram removidas por questões de licenciamento, incluindo faixas icônicas que ajudavam a definir o clima dos originais. A combinação de erros técnicos, estética inconsistente e decisões questionáveis transformou o lançamento em um fiasco amplamente comentado.

Esses exemplos mostram que o público não rejeita remakes por natureza. O problema surge quando a empresa promete mais do que entrega, remove conteúdo ou lança algo claramente abaixo do padrão técnico esperado. A frustração cresce ainda mais quando o original continua disponível e, paradoxalmente, funciona melhor do que o relançamento.

O debate sobre remakes desnecessários

Nem todo remake falha por problemas técnicos. Às vezes, o público simplesmente não vê motivo para sua existência. Isso costuma acontecer quando a obra original continua totalmente jogável, visualmente aceitável e disponível nas plataformas modernas. Nesse cenário, o remake acaba sendo percebido como redundante.

Um caso recente que levantou essa discussão foi o remake de Until Dawn, lançado em 2024. O jogo original é de 2015, ou seja, de uma geração anterior, mas ainda tecnicamente atual e acessível no PS4 e PS5. Não há nenhuma barreira real que impeça alguém de jogá-lo hoje. Por isso, muitos jogadores questionaram o motivo de refazer algo tão recente, especialmente quando a nova versão não acrescenta mudanças profundas além de melhorias visuais moderadas.

Parte da crítica classificou esse tipo de retrabalho como desnecessário, reforçando a ideia de que remakes deveriam priorizar obras esquecidas, presas em hardware ultrapassado ou difíceis de acessar legalmente.

Já os remakes da geração PS5 acabaram virando um ponto central do debate sobre a real necessidade desses projetos, principalmente por causa de casos como The Last of Us Part I e The Last of Us Part II Remastered. Ambos chegaram em momentos nos quais os jogos originais ainda eram perfeitamente acessíveis, bonitos e tecnicamente sólidos no hardware atual, o que deixou muita gente com a sensação de que estavam pagando de novo por algo que já possuíam e o PS5 ganhou fama de ser um “console para jogar games do PS4”.

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No caso do primeiro jogo, o salto visual existia, mas não mudava a experiência de forma significativa, reforçando a ideia de que se tratava mais de capitalizar uma marca forte do que de recuperar um título esquecido. Já o segundo recebeu um remaster com melhorias modestas, o que reabriu a discussão sobre relançamentos prematuros.

Esse contraste ficou ainda mais evidente quando comparado a Demon’s Souls, um remake que o público recebeu bem exatamente por resgatar um jogo preso ao PS3, melhorando tudo sem mexer no núcleo. Esse debate se repete com frequência. Consumidores e analistas apontam que pagar caro por um jogo praticamente idêntico ao original, apenas com retoques superficiais, não faz sentido. Nessas horas, a impressão é de que a nostalgia está sendo explorada mais do que a obra está sendo valorizada.

Por que alguns remakes muito pedidos nunca acontecem?

Do outro lado da conversa, está a frustração com jogos que o público pede há anos, mas que nunca recebem remake ou remaster, como no caso de Chrono Trigger, aclamado RPG do Super Nintendo. Quando isso acontece, as razões costumam ser menos românticas e mais práticas.

A primeira barreira é técnica. Alguns jogos antigos têm códigos-fonte perdidos ou fragmentados, motores altamente dependentes de hardware específico, câmeras rígidas demais para adaptação e estruturas que simplesmente não se encaixam bem em tecnologias modernas. Em muitos casos, reconstruir tudo do zero custa mais do que criar um jogo novo. A empresa precisa avaliar se vale a pena assumir esse gasto.

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A segunda barreira envolve direitos autorais. Jogos que dependem de licenças externas — músicas, marcas, pessoas reais, carros, filmes — enfrentam burocracias pesadas. Às vezes, a empresa já nem sabe quem detém os direitos de certos elementos. Acontece também de selos musicais cobrarem valores tão altos que inviabilizam uma nova versão. Foi justamente esse tipo de complicação que impediu a inclusão de várias músicas na coletânea de GTA, por exemplo.

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A terceira barreira é o valor comercial. Nem todo clássico cultuado tem público suficiente para justificar um investimento pesado. A paixão dos fãs não significa automaticamente que o projeto será lucrativo.

Há jogos com comunidades dedicadas, mas pequenas demais para bancar um remake multimilionário. Muitas obras acabam esquecidas por esse motivo, mesmo com importância histórica. Boa parte dos estudos de preservação em games destaca esse ponto: muitos títulos ficam fora do mercado não por falta de apelo, mas porque gerariam retorno financeiro insuficiente.

Somando tudo — custo enorme, riscos legais e público limitado — o resultado é um cenário em que várias franquias queridas permanecem paradas, mesmo com a vontade dos jogadores de vê-las renovadas.