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Kingdom Come: Deliverance II Merece o Game of the Year 2025?

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Kingdom Come: Deliverance II é um dos jogos mais impactantes de 2025, combinando realismo histórico, e narrativa profunda. Neste artigo, entenda por que a sequência da Warhorse Studios pode levar o prêmio de GOTY no The Game Awards 2025.

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revisado por Romeu

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The Game Awards 2025: Kingdom Come: Deliverance II merece o GOTY?

O The Game Awards 2025 promete ser um dos eventos mais acirrados da história recente dos games, reunindo títulos que marcaram o ano e elevando ainda mais o nível da indústria. Em um cenário com produções de peso e continuações aguardadas, se destacar não é fácil.

No entanto, entre todos os concorrentes, Kingdom Come: Deliverance II, da Warhorse Studios, surge como um dos nomes de peso ao cobiçado troféu de Jogo do Ano: a sequência evolui praticamente todos os aspectos do primeiro jogo, com fidelidade histórica, entregando uma obra que combina autenticidade e uma qualidade narrativa fora do comum.

Para entender por que Kingdom Come: Deliverance II pode ganhar o GOTY, é preciso analisar a importância do jogo, narrativa, jogabilidade, imersão e relevância para a indústria atual.

Uma narrativa adulta, humana e envolvente

O diferencial de Kingdom Come: Deliverance II está em sua narrativa centrada na fragilidade, força, falhas e nas vitórias daqueles que realmente existiram em um mundo onde a fantasia não serve apenas como pano de fundo. Seguindo os eventos do primeiro jogo, acompanhamos novamente o ferreiro Henry, agora mais experiente, mas ainda longe de ser um “escolhido”, um “herói épico” ou uma figura lendária. Henry é humano, falho, sendo moldado pela violência e a turbulência política da Boêmia do século XV.

A Warhorse apostou na continuidade narrativa. Decisões tomadas no primeiro jogo se refletem no segundo, relacionamentos evoluem de maneira natural e personagens retornam com profundidade reconstruída. O foco não está em derrotar monstros gigantes ou impedir catástrofes sobrenaturais, e é exatamente isso que torna a narrativa tão única. O jogo mostra conflitos reais, tensões sociais, guerras locais, traições políticas, romances discretos e dramas pessoais que se misturam com acontecimentos históricos documentados.

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Autenticidade histórica

Enquanto muitos RPGs utilizam estética medieval apenas como pano de fundo, Kingdom Come: Deliverance II leva o compromisso histórico a um nível extremo. A pesquisa da Warhorse para o jogo foi muito detalhista: trajes, arquitetura, armas, dialetos, rotinas do cotidiano e até os padrões de agricultura e economia local foram recriados com uma exatidão impressionante.

Aprender a lutar exige técnica; navegar pelas florestas sem um mapa requer atenção ao ambiente e sobreviver requer alimentação, descanso e decisões táticas. A sensação é de estar vivendo naquele mundo, e a vida medieval não era fácil.

Um salto técnico monumental

Utilizando o poder dos consoles de nova geração e PCs mais parrudos, o jogo mostra cenários extremamente detalhados, com vilas inteiras recriadas com precisão. Sistemas naturais como chuva, vento e mudanças de estação afetam tanto o visual quanto a jogabilidade. As animações faciais são mais expressivas e a iluminação é bastante realista, especialmente em interiores, o jogo nos dá a sensação de estar realmente vivendo no século XV.

O level design é outro ponto impressionante: vilas, campos e cidades dão a sensação real de estar em uma sociedade medieval, com rotinas, eventos e dinâmicas que evoluem conforme a história avança.

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Combate realista, brutal e recompensador

O sistema de combate em primeira pessoa sempre foi um dos elementos mais discutidos da franquia, amado por sua autenticidade e criticado por sua curva de aprendizado. Os movimentos são mais fluidos, continuando fiéis às técnicas de esgrima medieval. O jogador precisa pensar e calcular antes de atacar, aproveitando as brechas dos inimigos. Embora não seja um combate bonito ou coreografado, o jogo consegue passar a tensão real de uma batalha onde uma única falha é o suficiente para pôr tudo a perder.

Além disso, o jogo aumentou seu arsenal, incluindo novas escolas de luta e introduzindo melhorias no uso de montarias, arcos e combate em espaços confinados, tudo ali foi influenciado pela realidade histórica.

Um mundo que reage ao jogador

Outro ponto em que o jogo se destaca é a quantidade de sistemas conectados: a IA foi aprimorada, NPCs reagem mais naturalmente às decisões do jogador. Roubar, matar, ajudar, se envolver em conflitos, negociar, mentir... tudo isso gera consequências reais.

Aqui não há “moralidade”, a sensação que temos é de ver humanos reagindo de maneira realista. Além disso, o mundo possui rotinas diárias completas para NPCs, desde comer e trabalhar até festejar ou se refugiar durante tempestades. Os sistemas de justiça são imparciais e punitivos, tornando o jogador responsável por seus atos. Embora as missões secundárias sejam complexas, vale a pena jogá-las, pois algumas têm múltiplos finais baseados no progresso da história.

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Coragem criativa em um mercado saturado

Em meio a um mercado inundado por RPGs de fantasia, shooters, jogos futuristas e narrativas repletas de poderes, Kingdom Come: Deliverance II aposta na realidade, na história e na vulnerabilidade humana, entregando um jogo tão fabuloso e imenso quanto qualquer fantasia grandiosa. A Warhorse fez uma grande aposta usando as dificuldades humanas como o centro do jogo.

Relevância na comunidade e na indústria

Desde o lançamento, o game acumulou notas altas da crítica, um feedback positivo de jogadores, discussões sobre realismo histórico, análises de historiadores e uma base de fãs ainda mais fiel. A Warhorse Studios é um exemplo de como estúdios médios podem competir com os grandes quando apresentam uma visão clara e objetiva em um jogo. Kingdom Come II já influencia novos projetos que buscam autenticidade histórica e narrativas mais realistas.

Nem Tudo São Flores: O Que Pode Levar à Perda do GOTY 2025?

Apesar de Kingdom Come: Deliverance II ser um dos jogos mais impressionantes de 2025, sua vitória como Jogo do Ano no The Game Awards não é garantida. A competição está extremamente acirrada, e existem fatores importantes, desde preferências de público até critérios de jurados, que podem prejudicar suas chances. E entender esses pontos é essencial para o evento, reconhecer que, mesmo um grande jogo, pode ser ofuscado por outros títulos.

Um Jogo de Nicho

Um fator que pode comprometer sua vitória é seu nicho. Apesar do enorme salto técnico e narrativo, Kingdom Come II continua sendo um RPG medieval realista, um subgênero mais restrito. Enquanto jogos de fantasia, ação e aventura mais tradicionais atingem públicos maiores, a proposta de autenticidade histórica e combate complexo pode afastar jogadores e até jurados que preferem experiências mais acessíveis e menos exigentes. Seu realismo rígido, que é seu maior diferencial, também pode ser interpretado como barreira.

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A Dificuldade Que Pode Afetar o Prêmio

Outro ponto é o nível de dificuldade, especialmente no combate. Mesmo com melhorias em relação ao primeiro jogo, o sistema de esgrima em primeira pessoa continua muito técnico, lento e punitivo, diferente de outros RPGs concorrentes. O fator “diversão imediata”, jogos com combate mais rápido, fluido ou cinematográfico costumam ter maior apelo. A sensação de “jogo para poucos” pode pesar.

Outro obstáculo é o fato de que a Warhorse Studios, apesar de talentosa, não possui o mesmo "peso" de mercado como a Nintendo ou Kojima Productions por exemplo, sua escala de marketing é menor, e isso influencia visibilidade e até discussões na mídia especializada.

Bugs, o Calcanhar de Aquiles

Também existe o risco de Kingdom Come II ser prejudicado por bugs, problemas de desempenho e polimentos. Embora o jogo seja impressionante, RPGs de mundo aberto com simulações complexas tendem a sofrer com instabilidades no lançamento. Outros títulos que estão concorrendo e são mais lineares ou produzidos com mais polimento podem ter mais relevância.

Além disso, Kingdom Come II pode esbarrar em rivais com apelo emocional mais forte. Jogos com narrativas focadas em temas universais, personagens carismáticos ou trilhas marcantes costumam dominar a categoria. Como a franquia da Warhorse aposta no realismo duro, seco e cotidiano, o jogo pode parecer menos “cinematográfico” quando comparado a outros jogos que entregam momentos mais marcantes.

Diversidade e Expectativas

Por fim, o jogo encara o maior desafio de todos, mesmo sendo brilhante dentro do que se propõe, talvez outros títulos apresentem inovações mais evidentes, maior influência cultural ou impacto imediato na comunidade gamer, e nesse caso, o prêmio pode acabar indo para outro nome.

Assim, Kingdom Come: Deliverance II é um grande candidato, mas não invencível. O GOTY depende tanto de qualidade quanto de apelo, e é aí que a disputa fica imprevisível.

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Conclusão

Kingdom Come: Deliverance II não é apenas uma sequência. É o avanço de uma visão artística. É um jogo que expande os limites do realismo histórico, entregando uma narrativa humana e emocionante, aperfeiçoando seus combates brutais e inteligentes e oferecendo um mundo vivo como poucos RPGs conseguem fazer.

Em um ano repleto de concorrentes fortes, o título combina autenticidade, ambição, coragem criativa, impacto cultural e qualidade narrativa. Mas, no fim das contas, não são só esses fatores que levam um jogo a receber o prêmio máximo da indústria dos games. Em um mercado cada vez mais disputado, ser indicado para o GOTY já se torna uma vitória.