Misturando o clássico sistema de combate em turnos com elementos de ação em tempo real, Metaphor: ReFantazio é o novo JRPG da Sega e Atlus dirigido e produzido por Katsura Hashino, a mente por trás da série Persona, com lançamento previsto para 11 de outubro.
Nele, jogadores embarcam na jornada de um jovem viajante e sua parceira feérica, Gallica em sua busca por um meio de quebrar a maldição do seu amigo de infância e príncipe do Reino Unido de Euchronia - uma terra de fantasia envolto de paralelos com o “mundo real”.
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A natureza promissora do título vai muito além do seu combate inovador e divertido: entre os diálogos e diversas mecânicas herdadas tanto da série Persona quanto da longínqua franquia Shin Megami Tensei que a originou, Metaphor é recheado de estilo nos seus menus, animações de combate, mapa-mundi e design de personagens, que o tornam uma experiência singular - e cheia de expectativas - para os fãs de RPGS.
A equipe da UmGamer teve a oportunidade de experimentar a demo de Metaphor: Refantazio durante a Gamescom Latam 2024, e neste artigo, compartilhamos nossas primeiras impressões do novo título da Sega!
Ficha Técnica: Metaphor ReFantazio
Combate tenta inovar, mas respeita muitas raízes
Uma vez iniciada a demo de Metaphor no nível recomendado, uma das primeiras instruções que o jogo passa é a de atacar os inimigos com um botão, sem precisar especificamente entrar em um combate direto.
Atacar monstros no campo é um recurso essencial de Metaphor: Se seu nível for maior que o de seus inimigos, você pode derrotá-los. Caso seu nível seja menor ou igual ao deles, esse recurso pode permite iniciar o modo tático com monstros atordoados, com algumas vantagens na batalha ou desvantagens para seus eles - da mesma forma, ser atacado por um inimigo oferece vantagens para eles, como iniciar o combate.
Um detalhe importante que diferencia Metaphor de mecânica parecida encontrada na série Persona é a distinção entre inimigos. Ao invés de figuras disformes reveladas no combate, cada criatura do jogo novo tem sua própria forma e, consequentemente, maneiras diferentes de interagir com o jogador e movimentar-se para atacar no mapa aberto, sendo difícil, por vezes, identificar qual é a melhor forma de se aproximar dele e adquirir vantagens essenciais contra adversários mais fortes.
As inovações não ficam apenas no combate em tempo real. O sistema turn-based, nomeado Modo Estratégico, carrega diversas heranças da série Shin Megami Tensei, como o conceito de explorar fraquezas elementais e tipos de ataque. O uso de invocações - conhecidas como Arquétipos - que alteram a propriedade de afinidades e especialidades de cada personagem é uma inspiração clara da série Persona.
Outro ponto importante do combate em turno de Metaphor é a possibilidade de turnos entre dois membros da equipe para desferir um golpe poderoso e/ou usar uma mágica de cura, ou suporte mais eficiente do que eles fariam individualmente. Por exemplo, dois personagens podem se unir para usar uma magia elemental em todos os inimigos ao invés de um deles usar essa mesma habilidade em um só alvo, agregando muito ao aspecto tático, mas sem grandes concessões visíveis na demo.
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Desafiador e Punitivo, mas sem forçar muito
Em um dos cenários disponíveis, os heróis viajam de uma região para outra e são surpreendidos pelo ataque de um monstro gigante. No combate, precisamos enfrentar a criatura e seus tentáculos, onde focar apenas em um inimigo é punido por um ataque em sequência aleatória, enquanto derrotar os tentáculos, apesar de benéfico por alguns turnos, pode nos surpreender com o ressurgimento deles seguido de uma sequência ainda maior de golpes em um só turno.
Essa é uma das maneiras que Metaphor testa os limites entre ser desafiador e punitivo, mas sem tornar da experiência frustrante. Enquanto ser surpreendido pela barragem de golpes pode abater alguns personagens, a equipe dispõe de equipamentos e mágicas suficientes para reverter o estrago, enquanto outros golpes podem ser evitados ao fazer o adversário focar em apenas um dos personagens.
Essa mescla entre intuitivo sem ser fácil demais é encontrada também na própria exploração: um inimigo mais forte que os demais tem um claro indicador visual nele pela sua estatura mais encorpada que os demais, e mesmo se não usarmos o botão de escanear o mapa, há um sinal evidente de como aquela criatura é um inimigo poderoso - e cabe ao jogador assumir os riscos ao enfrentá-lo, ou tentar desviar dele e encontrar outra rota para o seu objetivo.
Sistema de Arquétipos é promissor
Para fins práticos, Arquétipos são como um sistema de jobs em Metaphor. Jogadores desbloqueiam eles conforme progridem na trama e formam novas relações com NPCs. Através deles, personagens podem ser customizados para funções específicas durante as batalhas.
Com mais de 40 opções, o sistema de Arquétipos se assemelha muito com o Wildcard da série Persona (onde o protagonista pode exercer funções diferentes na equipe), mas ampliado para todos os membros, diversificando as abordagens estratégicas e de rejogabilidade da demo, que deve se ampliar no produto final.
Por exemplo, um personagem com mais propriedade em cura a mais pode fazer muita diferença contra inimigos mais fortes quando somado com outro curandeiro e mais dois personagens com características de Tanker, ou para mitigar o dano de um Arquétipo menos defensivo.
Direção Artística de ponta
Desde a transição dos jogos da Atlus para o PlayStation 3 com Persona 5, a empresa tem sido referência em direção artística e no uso da interface e movimento de câmeras para tornar a experiência mais imersiva ao jogador, e Metaphor não fica atrás com seus menus inspirados em alguns aspectos técnicos de títulos anteriores, mas com aprimoramentos notórios em alguns pontos para dar maior importância aos membros da equipe.
A direção artística também se destaca nas cutscenes e animações de ataques conjuntos dos personagens, além do próprio design visual deles, onde cada um possui traços físicos distinguíveis que trazem um grupo diverso e com personagens que vão agradar jogadores diferentes.
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Liberdade de Progressão agrega bastante
Seguindo uma tendência que retornou a alguns dos principais RPGs da atualidade, Metaphor permite que jogadores escolham a distribuição dos atributos uma vez que seus personagens ganhem níveis e garante mais customização sobre quais funções esperamos deles e/ou quais tipos de builds podemos construir no produto final.
A seleção da equipe também traz alguns diferenciais na maneira como planejamos nosso progresso durante a campanha: os que não estão na equipe principal ganham menos experiência e, naturalmente, demoram mais para se desenvolver, e pode fazer diferença na campanha final, especialmente em situações onde precisamos de personagens específicos e/ou quando queremos uma função onde um deles exerce melhor.
Por fim, é claro, a história
Enquanto revela muitos detalhes sobre gameplay, diversidade estratégica, menus e detalhes visuais, a demo de Metaphor revela poucos elementos sobre seu enredo central e coloca diversos pontos envolto em mistério.
Por alguns instantes, principalmente no primeiro capítulo, o jogo dá sinais de trazer temas já bem estabelecidos nas franquias de RPG mais famosas da Atlus, como o despertar de um poder oculto e o senso de idealismo que constitui a realidade, ou até alguns paralelos ao inconsciente coletivo de Carl Jung, tema central da série Persona.
Preconceito e a distinção social entre origens diferentes parece ser um fator determinante, ou pelo menos uma das forças que movem alguns dos aspectos narrativos encontrados na demonstração disponibilizada.
A história também passa pelo desenvolvimento pessoal dos personagens, onde tal qual a série Persona, é possível fortalecer os vínculos que o herói possui com eles para ganhar novos atributos, com a natureza não-silenciosa do protagonista o ajudando a se distinguir dos diversos personagens principais de jogos anteriores da Atlus.
Um dos RPGs mais aguardados de 2024
A demo de Metaphor é uma experiência familiar, mas nem tanto: parece Persona, mas não é. Tem traços de Shin Megami Tensei, mas não muito. Tem um quê de JRPG clássico com sistema de builds e profissões, mas se diferencia muito deles. Tenta trazer ação em tempo real, mas não abdica do combate em turnos. Promete um mundo mais aberto que jogos anteriores, mas não revela muito do mapa.
Por vezes, o jogo parece tentar abraçar muito, ir longe sem se desapegar demais das raízes e dos aspectos que deram certo em outros títulos enquanto tem uma identidade própria muito marcada, com personagens e world building construídos em torno de si ao invés de puxar os fios dos seus predecessores.
Para um jogo que quer ser muito, Metaphor parece saber se distinguir dos demais e, pelo menos na demo, se dedica no que almeja ser com maestria, sem deixar nada a desejar em comparação com outros jogos de grandes estúdios lançados no último ano, consolidando-se como um dos títulos mais aguardados do segundo semestre de 2024.
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