Games

Review

Conheça El Hero: o Battle Royale Brasileiro que está tentando competir com Free Fire

, Comment regular icon0 comments

El Hero é um projeto do youtuber El Gato e busca bater de frente com um dos mais consolidados battle royales do mercado. Será que consegue?

Writer image

revisado por Romeu

Edit Article

Você já ouviu falar em El Herolink outside website? Se você esteve na BGS 2024 ou é ligado no cenário dos Esports competitivos para celular, talvez o nome não seja estranho. El Hero é um projeto bastante ousado, idealizado pelo youtuber El Gato e desenvolvido pelo Moolite Studios, que chega com uma proposta bastante curiosa: desbancar Free Fire como o maior battle royale para celular.

Uma verdadeira batalha de Davi e Golias, pois Free Fire já é um dos mais consolidados e baixados jogos mobile, com campeonatos de Esports renomados mundialmente que pagam prêmios em milhões de dólares e El Hero tem… muitas boas intenções. Porém, infelizmente, todos sabemos o ditado que diz que “de boas intenções o inferno está cheio.”

Ad

Lançado no dia 21 de Fevereiro, o jogo foi um dos mais baixados da Play Store e ficou fora do ar poucas horas depois, graças à sobrecarga no servidor e também recebeu um aviso de que é o app mais desinstalado da Play Store.

Durante esse tempo, eu consegui pular nas arenas de El Hero e vamos falar sobre o jogo brasileiro e, se você ficar com dúvidas, deixe um comentário.

Todo Herói Merece Vencer

El Hero é um battle royale com todas as mecânicas que conhecemos e já estão consagradas no gênero. Não há, até onde eu tenha conseguido perceber, uma história ou motivação por trás desses personagens, apenas entre na arena e seja o último de pé entre os competidores. Sabendo disso, você sabe o que esperar.

Image content of the Website

Você entra em um lobby, customiza seu personagem com algumas opções limitadas de cabelos, tons de pele, acessórios e roupas. Com o tempo de jogo (ou pagando), você irá liberar mais opções de customização, mas no começo, você provavelmente vestirá uma camiseta branca com mangas roxas escrito “El Hero” e uma calça roxa. Inclusive, o roxo será uma cor que você verá muito.

Quando todos estão prontos você é transportado para um avião que sobrevoa a arena e pode pular dele onde achar mais conveniente, correndo pelo campo em busca de armas, equipamentos, proteção ou qualquer outra coisa que você queira pegar e carregar em um inventário que parece até bastante generoso.

Pistolas, metralhadoras, rifles de precisão, semi-automáticas, escopetas, explosivos e todo o tipo de armas básicas que você pode imaginar estão disponíveis no campo. Armas brancas para combate corpo a corpo, como tacos de basebol ou raquetes de tênis, também estão disponíveis pelo campo de batalha.

Você também pode encontrar veículos, como visto no trailer, em que o personagem monta em uma bicicleta e sai empinando, até encontrar um inimigo superior e virar uma caixinha escrita RIP. Falando em caixa e armas, você as encontra espalhadas, dentro de prédios e casas, sobre barracas de feira e dropadas de outros jogadores, todas muito bem sinalizadas em roxo. É difícil não as ver.

No jogo, seu personagem pode fazer ações básicas de andar, pular, agachar, correr, atirar, jogar granadas, fazer dancinhas e outros emojis e todo o pacote padrão que um battle royale precisa. Você pode construir na sua frente barreiras para usar como cobertura ou rampas para acessar lugares mais altos, assim como no concorrente Free Fire. Os cenários têm aquele “feeling” brasileiro, com casas, ruas e outros elementos, como viadutos e árvores, que remetem a nosso país, dando um toque todo especial ao jogo para nós.

Image content of the Website

Além disso, outro atrativo para o jogo são as skins personalizadas de figuras conhecidas do público brasileiro. Nessa primeira temporada, chamada de “Carnaval Sangrento”, os jogadores poderão adquirir a skin do youtuber Luva de Pedreiro, entre outros cosméticos temáticos no Passe de Batalha. Em resumo: como um bom brasileiro, El Hero te entrega um bom e básico “arroz com feijão” que você encontrará em qualquer battle royale. Mas fica a dúvida: por quê jogar El Hero então?

Ad

Faça seu Próprio Campeonato de Esports

De acordo com Ramon, da Moolite Studio, com quem eu tive a oportunidade de conversar durante a BGS 2024, El Hero tenta se diferenciar de outros battle royales pela possibilidade de que qualquer um poderá ser um e-sportista, organizando seus próprios campeonatos com direito a apostas em dinheiro.

De acordo com ele, o sistema de Cash Game funcionará como um jogo de pôquer, onde você deposita uma quantia e aposta um determinado valor. Quem vencer a partida fica com o montante das apostas de todos os jogadores. Eles estão preparando diversos sistemas anti-cheater para impedir que isso atrapalhe o jogo de todos, que envolverá o cadastro de CPF, identificação de rosto e análise de histórico que banirá, de forma permanente, qualquer um que usar trapaças.

O jogo também terá partidas rankeadas sem apostas, terá partidas casuais e campeonatos que serão organizados pela própria desenvolvedora.

Não dá para Ignorar os Problemas

Embora El Hero seja um jogo que mostra potencial e que pode ter um futuro brilhante, o presente do game é bastante conturbado. Vamos deixar claro que sabemos que desenvolver games não é barato (embora o jogo tenha recebido um investimento de 10 milhões de reais de Yuri “Yuri22” Brida), e no Brasil não é fácil por falta de incentivos e apoio. Não dá para negar que o jogo tem problemas.

Para começar, no dia do lançamento, o servidor não suportou a quantidade de players e ficou fora do ar por dias, tendo de ser removido da Play Store. Os desenvolvedores têm planos de expandir o servidor, mas, por enquanto, o jogo não está aguentando a quantidade de players.

Versão 1.0 de Free Fire era mais detalhada e bonita
Versão 1.0 de Free Fire era mais detalhada e bonita

Sendo um game que busca rivalizar com Free Fire, também podemos dizer que ele tem que comer “muito arroz com feijão” antes de ir encarar o gigante Golias dos battle royales mobile. Sabemos que o jogo foi lançado há pouco tempo, mas se compararmos com a versão 1.0 de Free Fire, o El Hero parece extremamente vazio.

Temos uma vasta área de um PNG de grama verde que parece que foi esticado à exaustão para cobrir toda a arena com um PNG de flor aqui e ali, bem distante uma da outra, apenas para dizer que o terreno não é completamente vazio.

Essa sensação de vazio também se estende para o cenário em volta, onde as casas e edifícios em que entramos também estão completamente vazios. Não tem uma mesinha, um sofá, uma cama, um vaso, nada. Tudo é abandonado e sem graça. Complete isso com casas e estruturas que são completamente quadradas, como aquelas vistas em jogos do PlayStation 1, também cobertas por um PNG de textura esticada ou uma cor chapada.

Claro que ninguém joga battle royale para apreciar a paisagem, mas se vamos comparar com o Free Fire, parece que o jogo está em versão Alpha. Até o efeito que delimita o tamanho da arena se parece com retângulos semitransparentes rosas que ficam voando, como se o efeito que “daria a liga” entre eles não tivesse carregado corretamente e tivesse um monte de quadrados flutuando.

Ad

Os personagens são mais detalhados e arredondados, mas continuam abaixo do que o jogo rival produzido pela Garena entregou em seu começo. Não há física de movimento de cabelo ou roupas. Tudo parece muito “flat” e sem vida. Os personagens não têm expressões ou reações e ficam andando, correndo, atirando e até dançando com “cara de nada”.

Problemas comuns como objetos “flickando”, bugs de texturas, personagens entrando em paredes, caixas, etc. acontecem aqui e ali. Alguns jogadores falam que os bugs deixam o game injogável, mas, particularmente, não topei com nada assim.

Tem Potencial para o Futuro

El Hero é um game que tem bastante potencial para o futuro. Não dá para negar que há boas ideias aqui, como os campeonatos valendo dinheiro, e a boa vontade do Moolite Studios de fazer um jogo bem-feito. Mas, esse potencial pode ser ofuscado pelos problemas que o título enfrenta em seu lançamento.

Falta polimento e capricho nos detalhes, faltam correções de bugs básicas e mais infraestrutura para aguentar o tranco dos jogadores. Sem isso, El Hero pode acabar “morrendo na praia” dos inúmeros battles royales que eram lançados quase todo o mês entre os anos de 2018 a 2022. O jogo está mirando bem alto, mas pode não ter a força necessária para chegar lá se não começar a entregar algo que faça os jogadores saírem do Free Fire e caírem nas arenas de El Hero.

Pontos Fortes e Fracos

Pontos Fortes

• Muito potencial de crescimento;

• Futuro modo de cash game pode atrair a atenção de muitos novos players;

• Toque de brasilidade nos cenários;

Pontos fracos

• Cenários genéricos e vazios;

• Bugs básicos de um jogo em Alpha;

• Problemas de infraestrutura;

Conclusão

El Hero tem potencial e pode ser um dos games brasileiros indie que chega à fama internacional, como Horizon Chase ou Dandara, mas ainda tem que melhorar muito para isso, pois ele parece um jogo incompleto, com mecânicas básicas que não se destacam de outros do gênero e pode cair no esquecimento.

De fato, o jogo parece que já chega aos mobiles bastante datado. Como se alguém tivesse tido a ideia de fazê-lo na época em que battle royales dominavam o cenário gamer e entregou agora, quando os jogadores estão cada vez mais cansados de experiências online e multiplayer e jogos focados nisso morrem rápido, como Concord, ou lentamente, como Multiversus.

A Moonlite precisa achar o seu diferencial e aplicá-lo logo no jogo, seja o Cash Game ou outra coisa, porque, no momento, não há nada que faria um jogador sair do Free Fire e ir para o El Hero, exceto que seja alguém que é um grande entusiasta de jogos brasileiros ou um fã do El Gato.

Eu, particularmente, torço para El Hero se estabelecer como um battle royale de sucesso e que o Brasil produza cada vez mais e melhores games. E você? Jogou El Hero? Achou bom? Fale com a gente nos comentários e diga se curtiu o game.