É quase uma regra: sempre que temos um alerta de atualização do Windows, em vez de pensarmos “nossa, que ótimo, mais segurança, mais garantias de que tudo funcionará corretamente”, nós pensamos o exato oposto, adiamos atualizar e ainda vemos notícias sobre como uma atualização corrompe dados, não finaliza o processo ou faz tudo parar de funcionar.
E com jogos é diferente? Deveria ser. A atualização deveria vir para corrigir problemas, bugs e problemas, mas, nem sempre. E quando isso acontece, o que podemos fazer? Como saber se uma atualização estragou o nosso jogo? Vamos explicar como fazer testes e determinar se uma atualização prejudicou seu game e como resolver e, se você tiver dúvidas, é só deixar um comentário.
Verificação completa de desempenho antes e após atualizações
Qualquer checagem de desempenho após qualquer atualização – seja driver de GPU, firmware de console ou mudanças em TVs e monitores precisa sempre partir do mais básico: comparações entre o antes e o depois da atualização. Testar exatamente as mesmas configurações com ferramentas que registrem o que está acontecendo com o jogo em números para descobrir se houve queda real de desempenho, aumento de stutter (travadas rápidas), piora no input lag (atraso na resposta dos comandos), mudança no tempo de carregamento (loads mais lentos) ou até problemas de VRR (frequência instável) e screen tearing (corte na imagem).
A forma mais confiável é repetir o mesmo trecho do jogo, seja usando um benchmark embutido ou simplesmente refazendo um percurso idêntico. No PC, isso fica fácil com softwares que monitoram e gravam FPS médio, 1% lows, frame-time, uso da GPU/CPU e até a temperatura.
Em consoles, como não existe tanta liberdade, a análise se apoia muito mais em percepção de fluidez, gravações de vídeo e, quando possível, no uso de monitores que exibem a frequência real da tela. Em TVs e monitores, vale ativar e desativar modos como Game Mode, ALLM (modo de baixa latência), VRR (taxa variável) e HDR (alto alcance dinâmico) para comparar se a atualização mexeu em algo que não deveria.
Ferramentas confiáveis para medir desempenho
No PC existem ferramentas conhecidas que registram dados com precisão. MSI Afterburner com o RivaTuner é a dupla mais usada porque mostra métricas em tempo real e registra logs completos que ajudam a analisar quedas de desempenho quadro a quadro.
A Game Bar do Windows também exibe FPS e uso de hardware, enquanto overlays das fabricantes (GeForce Experience no caso da NVIDIA, Radeon Overlay no caso da AMD e o Arc Control da Intel) permitem ver informações direto do driver.
Outros métodos incluem contadores de FPS integrados, como o do Steam, e programas especializados como o NVIDIA FrameView, criado para medir desempenho e consumo de energia.

Para input lag, existe a medição profissional com fotodiodo, usada por sites como o RTINGS, além do NVIDIA Reflex Latency Analyzer disponível em monitores compatíveis. Já nós, jogadores comuns, podemos recorrer a gravações em câmera lenta acima de 240 FPS para identificar atrasos entre comando e resposta visual, o que geralmente já revela diferenças entre versões de driver.
VRR, tearing, HDR e outras métricas específicas
Além do FPS, certas métricas ajudam a detectar problemas que passam despercebidos em uma primeira olhada. Screen tearing é uma delas: se o tearing era discreto e aumentou depois do update, existe chance de bug no driver ou no firmware da TV. Testes do Blur Busters (como o conhecido TestUFO) ajudam a observar isso com clareza.
O VRR normalmente não aumenta o input lag em monitores modernos e funciona dentro de uma faixa que acompanha a GPU, mas bugs acontecem. Drivers ou firmwares podem causar stutters periodicamente, algo que já foi documentado até em consoles. Quando o VRR parece instável, vale desligar temporariamente para comparar a consistência do frame-time.
O HDR também pode ser afetado. Em PCs, o Windows pode tornar conteúdo SDR dessaturado quando o HDR está ativo, e por isso o ajuste de brilho HDR/SDR pode ser necessário. Em TVs, já houve casos de atualizações que deixaram modos HDR “apagados”, mais escuros do que deveriam, ou com curvas de brilho alteradas. É por isso que é essencial testar com e sem HDR logo após qualquer update.
O input lag depende do pipeline inteiro, desde o controle, GPU e display. Modos como Game Mode e ALLM precisam estar ativados, pois desligá-los eleva o atraso visível. Um update pode mexer nesses modos (ou reativar processamentos que estavam desabilitados), criando lag extra mesmo sem mexer nos jogos.
Recursos nativos dos consoles
Consoles normalmente não têm ferramentas de benchmark como no PC, mas têm formas de ver informações importantes. Dá para verificar a versão exata do firmware no menu de sistema e, em geral, as fabricantes publicam notas de atualização em seus sites oficiais. Essas notas às vezes incluem melhorias de estabilidade, compatibilidade com jogos e correções específicas.
Se uma atualização corrompe o sistema, consoles como o PS5 permitem reinstalar o firmware por meio do Modo de Segurança. Mas isso não significa um downgrade, só reinstala sempre a versão mais recente disponibilizada oficialmente. Xbox e Switch também não oferecem retorno para versões anteriores.
Consoles não têm contador de FPS próprio, mas TVs modernas ajudam bastante. Alguns modelos Samsung, por exemplo, exibem FPS, VRR ativo e modo de jogo direto na tela, funcionando como ferramentas auxiliares para medir fluidez e quedas bruscas.
TVs e monitores: VRR, Game Mode, HDR e estabilidade
Atualizações de firmware podem alterar drasticamente a forma como uma TV ou monitor lida com jogos. Em muitos casos, isso inclui resetar configurações como HDR, Game Mode ou VRR. Se o modo jogo foi desativado sem aviso, o input lag sobe imediatamente.
Outro ponto crítico é o Game Motion Plus, presente em TVs Samsung. Com ele ligado, o VRR simplesmente deixa de funcionar, e isso gera tearing ou stutter. Por isso, após atualizar, sempre compare com o Game Mode ligado e desligado, e teste VRR/HDR ativados e desativados.
Monitores gamer avançados costumam mostrar se o VRR está ativo, qual frequência a tela está usando e se o modo de baixa latência está em operação. Consultar testes profissionais (como RTINGS) ajuda a identificar o comportamento esperado do modelo, útil para detectar se o update desviou do padrão.
Comparação correta: passo a passo
O VRR normalmente não cria latência perceptível, mas bugs podem gerar stutter rítmico. O HDR pode mudar brilho e saturação dependendo da atualização. O input lag depende principalmente do modo de jogo e da remoção de pós-processamentos. E o frame pacing, que é a regularidade dos quadros, costuma ser o primeiro sinal de driver problemático, já que micro-stutters aparecem mesmo quando o FPS médio permanece igual.
A comparação precisa seguir um processo sistemático. Primeiro, registre uma referência antes da atualização: FPS, 1% lows, input lag, frametimes e qualquer métrica disponível. Depois, instale o update e repita exatamente as mesmas cenas, com mesmo modo gráfico, resolução, sincronização e condições idênticas.

Ferramentas como CapFrameX permitem gerar gráficos claros de frametime, expondo spikes ou quedas repentinas. Benchmarks sintéticos ajudam a isolar mudanças. Em consoles, gravação de vídeo e uso de TVs com Game Bar são opções funcionais.
Ferramentas de benchmark, notas de atualização e métodos de diagnóstico
Programas como CapFrameX (baseado no PresentMon) registram FPS e frametimes com precisão, permitindo analisar micro-stutters e comparar versões. FRAPS, 3DMark, Unigine e benchmarks internos de jogos ajudam a padronizar testes.
Softwares de monitoramento em tempo real exibem consumo de recursos, clocks e uso de memória. Isso revela gargalos e mudanças indesejadas criadas por drivers. Em diagnósticos mais sérios, limpar completamente o driver com DDU antes de trocar de versão é praticamente padrão.
As notas oficiais das fabricantes são fundamentais para entender mudanças. NVIDIA e AMD descrevem nos release notes todos os ajustes e problemas conhecidos, inclusive quando um update piora desempenho e exige hotfix. Já houve casos em que patches do Windows criaram regressões graves em jogos, e a NVIDIA reconheceu isso ao lançar um hotfix específico.
As fabricantes de consoles também publicam históricos de atualização. A Sony, por exemplo, lista as versões do software do PS5 e o que cada update corrigiu. A Nintendo faz o mesmo com o Switch, geralmente com notas mais curtas. TVs e monitores também possuem documentação oficial com informações sobre mudanças em firmware, ativação de ALLM, ajustes de HDR ou correções de compatibilidade.
Como reverter ou lidar com atualizações problemáticas
O rollback é possível e funcional. Basta usar o Device Manager ou DDU. No PC existe a opção Roll Back Driver, que restaura o driver anterior instalado. Quando isso não funciona, o método correto é remover completamente o driver atual com DDU e instalar manualmente outra versão. A AMD até oferece sua própria ferramenta de limpeza para essas situações.
Consoles praticamente nunca permitem downgrade. O máximo que existe é reinstalação do sistema, sempre para a versão mais recente. Se o problema foi causado pelo firmware, a solução real é aguardar um novo patch oficial.
Em TVs e monitores, o downgrade é raramente permitido, e muitas marcas simplesmente não oferecem firmwares antigos. Alguns modelos aceitam reinstalar o mesmo firmware via USB, mas não aceitam versões anteriores. O normal, nesses casos, é reportar o problema ao suporte e aguardar a correção. Alguns fóruns mencionam métodos avançados e não oficiais, mas a esmagadora maioria dos usuários só pode esperar ou reportar para o suporte.
Casos reais de problemas após atualização
Existem diversos exemplos que mostram que updates podem realmente piorar o desempenho. O VRR do PS5 já teve problemas sérios, causando travadinhas periódicas em jogos rodando a 120 Hz, algo analisado por especialistas em vídeo quadro a quadro. Esse problema só foi resolvido após novo firmware.
Outra situação ocorreu com TVs OLED da LG, quando uma atualização deixou o HDR Game muito mais escuro, com contraste errado. Usuários reportaram extensivamente em fóruns, e a empresa reconheceu o comportamento danificado.
No PC, patches do Windows já causaram quedas de desempenho, obrigando a NVIDIA a lançar hotfix. Situações como perda de FPS e aumento de stutter após atualizar drivers são recorrentes e muitas vezes resolvidas voltando para versões antigas, como relatado por comunidades inteiras de jogadores.
Conclusão
A única maneira confiável de saber se uma atualização piorou o jogo é comparar dados objetivos em condições idênticas. FPS, frametime, input lag, tearing, comportamento do VRR, precisão do HDR, estabilidade e tempos de carregamento precisam ser medidos antes e depois.
Com ferramentas corretas, documentação oficial e testes reproduzíveis, é possível identificar exatamente o que mudou e, quando necessário, recorrer a rollback, reinstalação ou suporte técnico. O processo é trabalhoso, mas é o único jeito de descobrir se um driver, firmware ou update realmente afeta o seu jogo.









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