Há uns bons anos, monitores eram simplesmente as telas menores que uma TV que você tem na sala e estão conectadas ao PC para mostrar as imagens. Eles tinham um tubo enorme de raios catódicos — os famosos CRT, os ‘tubões’ — que tinham aquela cor branco-creme e, após um tempo, ficavam amarelados e encardidos. Era isso! Mas, atualmente, comprar um novo monitor parece uma tarefa bem simples, mas não é. Não é só chegar naquelas lojas que vendem geladeira, micro-ondas e PC montados, pegar aqueles mais bacanas, com led e uns detalhes em vermelho, uma aparência bem angular e moderna que está tudo certo e levar para casa.
Hoje, escolher um monitor é quase tão complicado quanto montar um Pokémon com IV bom ou ajeitar o elenco do seu time no EA Sports FC ou no eFootball. Saber Hertz, latência, tearing, taxa de quadros e todo esse linguajar técnico só para poder jogar seu joguinho de luta? Para um casual, nenhum problema. Para quem está engajado no modo competitivo, esses termos podem significar ganhar ou perder uma partida.
Então, se você está pensando em comprar um novo monitor e precisa entender um pouco mais sobre esses termos, vamos falar um pouco sobre as principais diferenças entre os dois modelos de monitores mais tradicionais e usados pelos gamers: 60Hz para PC e 120Hz para os consoles. E, se você tiver dúvidas, deixe um comentário.
O que realmente significam 60Hz e 120Hz
Quando alguém pergunta qual é a diferença entre um monitor de 60Hz e um de 120Hz, a explicação técnica é simples: é o número de vezes por segundo que a tela redesenha a imagem. Em 60Hz, a tela se atualiza 60 vezes por segundo; em 120Hz, ela faz isso 120 vezes. Mas, para quem joga, especialmente jogos de luta, o que importa não é o número em si. O que importa é como isso muda a sensação de resposta do jogo.
Um monitor de 120Hz atualiza tudo mais rápido. Cada nova informação — um soco, um chute, um dash, o início de um combo — aparece na tela com menos atraso. Mesmo que o jogo rode a 60 fps, o monitor de 120Hz entrega esses mesmos quadros de maneira mais rápida e mais eficiente. Isso sozinho já cria uma sensação bem mais natural de movimento, quase como se cada ação estivesse colada ao que você acabou de apertar no controle.
Para que 120Hz funcione de verdade, é preciso ter um console ou PC que envie o sinal nessa taxa. PlayStation 5 e Xbox Series X/S conseguem fazer isso em jogos compatíveis. No PC, qualquer placa moderna entrega 120Hz sem dificuldade. TVs e monitores precisam suportar a taxa também. Em alguns casos, só funciona em 120Hz se o cabo for HDMI 2.1, especialmente jogando em 4K. Mas fora isso, não existe complicação: é ligar, ajustar no menu e pronto.
Como a imagem muda na prática
A parte mais visível do salto de 60Hz para 120Hz é a fluidez. Em 120Hz, o borrão de movimento cai bastante. O jogador consegue enxergar melhor o momento exato em que o adversário começa uma animação rápida. Golpes que antes pareciam “saltar” de um quadro ao outro passam a ter uma transição mais limpa. Até movimentos como dash, rolagem ou backdash ficam mais fáceis de acompanhar.
Outro ponto é que o tearing — aquela linha quebrada que aparece quando a imagem não acompanha o movimento — é bem menos comum. Em 120Hz, a tela sincroniza mais rápido, então esse tipo de artefato tem menos chance de aparecer. Isso deixa tudo mais estável, principalmente em jogos cheios de movimentos laterais rápidos, como Tekken e SoulCalibur.
Pesquisas sobre visão mostram que respostas rápidas são percebidas com mais clareza quando exibidas em frequências maiores. Isso bate exatamente com a sensação que jogadores relatam: enxergar o início de um golpe fica mais fácil, enxergar o timing de defesa fica mais fácil, ler o adversário fica mais natural. Nada disso muda a velocidade do jogo, mas muda a velocidade com que a tela entrega a informação.

Essa fluidez também ajuda no cansaço visual. Em 60Hz, o olho precisa lidar com quebras e borrões que, mesmo quando não são percebidos conscientemente, acumulam esforço. Já em 120Hz, os quadros chegam tão rápido que a transição parece natural. Em longas sessões de jogo, isso pesa menos nos olhos. Muita gente percebe que consegue jogar por mais tempo sem sentir aquela sensação de vista cansada.
O impacto real nos jogos de luta: resposta e tempo de reação
É nos jogos de luta que a diferença entre 60Hz e 120Hz realmente se destaca. Isso acontece por um motivo simples: cada milissegundo importa. Em 60Hz, cada quadro demora cerca de 16,7ms para aparecer. Em 120Hz, cai para 8,3ms. Isso reduz o atraso entre o momento em que você aperta o botão e o instante em que vê o resultado.
Testes feitos em jogos como Street Fighter V mostraram números bem claros:
– Em 60Hz, o atraso total podia chegar a cerca de 83ms.
– Em 120Hz, esse atraso caía para cerca de 37ms.
É quase metade. Para quem joga, isso significa que o soco aparece mais rápido depois que o botão é apertado. Você defende antes. Você confirma um combo antes. Você vê o início de um ataque do adversário antes.
E isso continua acontecendo mesmo quando o jogo roda a 60 fps. A lógica interna não muda: o jogo continua funcionando no mesmo ritmo, com o mesmo frame data. Mas o que muda é como e quando você vê cada frame. Em um jogo onde decisões importantes acontecem em intervalos de poucos quadros, esse adiantamento tem um peso real.
Existe também a questão da leitura. Em 60Hz, movimentos rápidos podem parecer mais “travados”. A mudança de um quadro para outro é mais abrupta. Em 120Hz, os mesmos quadros fluem com mais naturalidade. Isso permite perceber microdetalhes que antes passavam batido: o começo de um overhead, o pequeno movimento antes de um grab, o recuo do personagem após um golpe bloqueado. É mais fácil entender o que está acontecendo na tela porque a transição entre os quadros é menos brusca.
Jogadores que competem em torneios muitas vezes já estão acostumados a essa diferença porque quase todos os setups profissionais usam monitores de 120Hz ou mais. Isso não dá “vantagem ilegítima”, porque a lógica do jogo continua igual, mas melhora a consistência da resposta. Quem joga em 60Hz ao longo da vida e muda para 120Hz descreve geralmente a troca como um alívio imediato: o delay que antes parecia “normal” deixa de existir.
Jogos de luta populares e como eles se comportam
A maior parte dos jogos de luta continua rodando a 60 fps. Tekken 7, Tekken 8, Street Fighter V, Mortal Kombat 11, Mortal Kombat 1 e SoulCalibur VI seguem essa mesma base. Isso garante que todos os jogadores tenham o mesmo ritmo e o mesmo frame data. Mesmo assim, telas de 120Hz melhoram a forma como esses 60 quadros chegam ao jogador.

Street Fighter 6 tem suporte a mais de 60 fps no PC usando tecnologias de geração de quadros. A animação fica mais suave, mas a lógica interna ainda é 60 fps. Nada disso dá vantagem mecânica, mas melhora a leitura e diminui a sensação de peso nos movimentos.
Nos consoles, a diferença é principalmente entre gerações. PS5 e Xbox Series X/S conseguem rodar em 120Hz quando o jogo permite. PS4 e Xbox One ficam presos em 60Hz. Isso quer dizer que, se você joga em console antigo, trocar a TV ou o monitor por um modelo 120Hz não vai mudar nada — o console não consegue aproveitar.
Monitores gamer acima de 120Hz já viraram padrão no PC. Linhas como Asus ROG, Dell Alienware, LG UltraGear e Samsung Odyssey são comuns entre jogadores competitivos. TVs também evoluíram, especialmente modelos OLED e QLED, que além de 120Hz têm tempos de resposta mais baixos. TVs LCD de entrada podem até ter “120Hz”, mas às vezes o painel é mais lento, o que reduz o benefício na prática.
Então, vale a pena escolher 120Hz?
Sim, especialmente em jogos de luta. A taxa de atualização maior não muda o ritmo do jogo, mas muda a forma como o jogo chega até você. Tudo parece responder mais rápido porque, objetivamente, responde mesmo. Aquela sensação de “aperto o botão e o golpe demora a sair” acontece porque a tela demora a mostrar o que você fez. Em 120Hz, essa demora cai pela metade.
A leitura também melhora. Golpes rápidos ficam mais fáceis de enxergar. Movimentos bruscos ganham clareza. A fluidez ajuda até quem não é competitivo e só quer jogar de forma mais confortável.
Em resumo, o jogador não precisa entender nada de monitor para perceber a diferença. Basta sentar, apertar o botão e ver que o personagem age quase no mesmo instante. É isso que torna 120Hz algo tão útil em jogos de luta: não é sobre gráfico bonito, é sobre resposta e controle.
Conclusão
Trocar de 60Hz para 120Hz em jogos de luta gera uma mudança real na jogabilidade. A tela responde mais rápido, a imagem fica mais suave e a leitura do adversário melhora. O jogo não muda sua lógica interna, mas muda o jeito como o jogador vê e reage ao que está acontecendo. Para quem joga Tekken, Street Fighter, Mortal Kombat, Guilty Gear, SoulCalibur ou qualquer outro título do gênero, essa diferença é clara já no primeiro round.
Os movimentos deixam de parecer “travados”, o delay visual cai e a sensação de controle aumenta. Mesmo para quem joga por diversão, a experiência fica mais natural e menos cansativa. Por isso, sempre que o console ou o PC permitir, 120Hz vale mais a pena do que 60Hz — não por causa do número, mas porque a resposta realmente fica mais próxima do que você apertou no controle.









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