RPG

guida al gioco

Guia: 8 Jogos de RPG em Turnos Modernos para conhecer o gênero

, 0Comment Regular Solid icon0Comment iconComment iconComment iconComment icon

Os RPGs baseados em turnos estão em ascensão. Confira neste artigo oito títulos modernos imperdíveis para aproveitar o gênero!

Writer image

rivisto da Romeu

Edit Article

O RPG por turnos foi tratado como um gênero preso ao passado na última década, comumente associado a menus estáticos, ritmo lento e nostalgia, mas parece que as marés estão mudando. O que se vê hoje é um cenário em que esses títulos estão voltando a sair das esferas dos JRPGs e reconquistando o cenário mainstream, com títulos em que o sistema de turnos se tornou uma ferramenta maleável, capaz de sustentar experimentações mecânicas e gerar grandes sucessos comerciais. Em vez de resistir ao tempo, o gênero se reinventou, e alguns jogos foram fundamentais nesse processo.

Entre produções de grande orçamento e projetos independentes, o RPG em turnos moderno deixou de ser uma herança dos anos 1990 para se tornar um espaço de inovação. Os títulos abaixo ajudam a entender como essa transformação aconteceu e por que o formato segue relevante, criativo e, em muitos casos, mais expressivo do que nunca, e por que você, seja um veterano do gênero ou alguém que acabou de conhecê-lo por conta de Clair Obscur: Expedition 33, tem incontáveis aventuras com títulos modernos.

Oito RPGs Modernos em Turnos para Jogar

Persona 5 Royal

Persona 5 Royal é um dos exemplos mais emblemáticos dessa nova fase dos RPGs em turnos. Embora a série Persona já tivesse identidade própria há anos, o quinto título da Atlus se tornou um fenômeno do mainstream e foi considerado um dos melhores títulos de PlayStation 4 da história.

O combate segue regras clássicas do sistema adotado pela Atlus há décadas — explorar fraquezas elementais, administrar turnos e recursos —, mas o jogo integra esse sistema a uma estrutura social robusta. Cada decisão fora das batalhas, desde como o protagonista passa seu tempo até quais relações escolhe aprofundar, possui influência direta no desempenho dos aliados, em quais Personas pode-se utilizar, além de garantir recursos extras dentro e fora do combate.

Os Confidants são, de certa maneira, a alma de Persona 5: o jogo segue um sistema de calendários que demanda gerenciamento de recursos, e passar mais tempo com alguns dos seus amigos significa não dedicar tempo a outras tarefas, o que seria maçante se os personagens não tivessem personalidade, estilo e dilemas suficientemente cativantes para prender o espectador nele.

A versão Royal, lançada em 2020, consolida essa proposta ao refinar o ritmo da campanha e expandir a narrativa, resultando em uma experiência que garante mais de uma centena de horas de diversão, de se comover com os desafios de cada personagem e, principalmente, de questionar o papel individual e coletivo da sociedade.

Yakuza: Like a Dragon

A reinvenção do gênero também passa por franquias que ousaram mudar de identidade, e Yakuza: Like a Dragon representa um ponto de ruptura importante dentro de uma série conhecida, até então, pelo combate em tempo real.

A decisão de migrar para um sistema por turnos poderia ter afastado o público, mas aconteceu o oposto. O jogo encontrou no novo formato uma forma de traduzir sua essência e apresentar um novo protagonista com motivos coerentes para a mudança no sistema de combate, com personagens comuns enfrentando situações absurdas com criatividade e improviso, mesclando tática com humor e uso inteligente do ambiente.

Like a Dragon também introduziu um sistema de classes que muito remete ao utilizado em diversos RPGs, onde os heróis podem "aprender profissões" e utilizá-las para o combate. Apesar de parecer muito para quem nunca jogou um RPG de turnos, o título consegue abraçar essa proposta sem abdicar das suas raízes, desde que mantenha tudo acessível.

Seu destaque, no entanto, está em outro elemento: a série Yakuza já é conhecida por misturar dilemas inerentes da vida adulta com doses de humor e absurdismo, e a história de Ichiban Kasuga pode até começar cheia de alívio cômico, mas se desenvolve em uma trama bem elaborada sobre senso de dever, família e amadurecimento.

O sucesso foi tão claro que Like a Dragon: Infinite Wealth, título sucessor e oitavo jogo da franquia, ampliou essa abordagem, apostando em maior escala e mais liberdade, levando a trama até o Havaí, onde Kasuga reencontra velhos amigos e faz novas alianças na busca de desvendar segredos do seu passado

Metaphor: ReFantazio

Metaphor: ReFantazio, lançado em 2024, é um projeto que marca uma nova fase criativa para a Atlus fora do universo Persona e representa a preocupação em alinhar sistema e narrativa com coerência. Ambientado em um mundo de fantasia política que questiona o valor de uma democracia, o jogo usa muito da fórmula de Persona e do combate por turnos como extensão do conflito temático que propõe, mas com sua própria roupagem e métodos de progressão que o destoa de tudo o que o estúdio havia feito anteriormente.

Apostar em um mundo de alta fantasia traz novos desafios também para o interlocutor: enquanto o combate em turnos é essencial para Metaphor, o jogo também possui segmentos onde batalhas em tempo real são possíveis ou até preferíveis, e a jornada e exploração do mapa, que pega o sistema de calendário da série Persona e transforma em "tempo de viagem", estabelece novos meios de manusear e gerenciar recursos, mas sem nunca limitar demais o jogador ou forçá-lo a tomar decisões punitivas do que fazer a cada dia.

Em uma perspectiva geral, Metaphor: ReFantazio é a culminação de todos os aprendizados da Atlus com seus outros títulos, e uma IP nova deu o espaço necessário para tentar algo inovador e experimentar novas ideias que, no fim, acabam encaixando-se para oferecer um dos RPGs mais icônicos dos últimos cinco anos.

The Ruined King: A League of Legends Story

Lançado em 2021, The Ruined King: A League of Legends Story parte do desafio de adaptar personagens conhecidos de um jogo competitivo para uma experiência de RPG. Surpreendentemente, o título da Airship Syndicate consegue fazê-lo sem exigir familiaridade prévia com League of Legends para quem nunca se interessou na franquia, ao mesmo tempo que oferece um ótimo game para quem é apaixonado pelos personagens e mundo da franquia da Riot.

Neste título, o combate de turnos tenta inovar na leitura de iniciativa e posicionamento, enquanto abre espaço para expandir a narrativa do universo de Runeterra com personagens icônicos como Ahri, Braum, Miss Fortune e Yasuo, proporcionando uma experiência completa de um RPG em um dos mundos mais bem construídos do universo dos games, tudo com uma experimentação visual que destaca The Ruined King como um dos destaques da nossa lista.

Octopath Traveler 2

A série Octopath Traveler pode não ser uma franquia tão famosa quanto Final Fantasy, mas a série também desenvolvida pela Square Enix — responsável por popularizar o gênero de RPGs com Final Fantasy VII — possui seu próprio charme e um combate voltado para vulnerabilidades e efeitos visuais para evitar a monotonia estática do sistema de turnos.

Enquanto os gráficos podem afastar uma parcela do público, o estilo artístico de Octopath Traveler II se transforma em um dos maiores atrativos da obra, e somado a um enredo cativante em torno de oito viajantes no mundo de Solistia, cada um com sua própria história para ser explorada pelo jogador, proporciona uma experiência que não destoa muito do primeiro título da série, mas traz melhorias suficientes para recomendá-lo diretamente — e uma vez que o jogador se encante com o universo da franquia, não faltarão motivos para conhecer o primeiro jogo da franquia e o recém-lançado Octopath Traveler 0.

Sea of Stars

Enquanto alguns estúdios olham para o futuro, outros encontram inspiração no passado, e Sea of Stars é um dos melhores exemplos recentes. O jogo evoca a era 16-bit em estética e estrutura, mas moderniza o combate ao incorporar interações baseadas em timing e decisões momentâneas, tudo revestido de pequenos acenos a outros grandes títulos do passado, como Chrono Trigger.

Como visto em outros jogos, a interatividade se tornou essencial para o sistema de turnos, e Sea of Stars se destaca nesse quesito. Cada turno exige atenção para bloquear ataque e potencializar habilidades, o que reduz a sensação de repetição comum em RPGs clássicos onde tudo se baseava em apertar alguns comandos e assistir os efeitos acontecerem na tela.

Além do combate, o jogo também possui o pacote completo de trama e personagens cativantes, com liberdade criativa o suficiente para fugir dos moldes enquanto tenta encontrar seu próprio jeito de contar uma história, resultando em uma obra que respeita profundamente suas influências, mas termina oferecendo uma experiência que soa nova, mesmo com tantos traços de familiaridade.

Baldur's Gate 3

No outro extremo do espectro de produção está Baldur’s Gate 3, um dos RPGs mais influentes dos últimos anos. Embora sua base seja o sistema de regras de Dungeons & Dragons, o jogo da Larian Studios se apoia muito no aspecto "role-playing" do RPG, tanto na criação de personagens quanto na interação com o mundo, trazendo a experiência de uma mesa de D&D para um ambiente digital com tamanha liberdade que facilita se perder na expansão do seu universo, ou proporcionar centenas de horas de jogabilidade entre as várias e imprevisíveis possibilidades de cada escolha, diálogo ou ação do jogador.

Diferentemente de outros títulos da lista, este é um jogo que tem como principal foco o elo narrativo com o jogador, sendo possível inclusive evitar a maior quantidade de combates possíveis, mas uma vez que este se inicia, Baldur's Gate 3 oferece uma mescla clássica de batalhas baseadas em turnos — enraizado nas estruturas de D&D — com elementos que flertam com os RPGs táticos, estabelecendo um estilo de jogo desafiador, onde o jogador pode explorar o cenário, improvisar soluções e buscar a melhor solução ou build para cada personagem ou segmento, transformando o combate em uma extensão natural do role-play.

Clair Obscur: Expedition 33

Clair Obscur: Expedition 33 representa talvez o exemplo mais contundente de como o RPG por turnos ainda pode surpreender. Desenvolvido pela Sandfall Interactive, o jogo estava fora do radar de muitos quando foi lançado, mas se tornou um marco da atual geração e o título mais premiado da história do The Game Awards, tornando-se referência contemporânea no gênero.

Mas todo prêmio requer seu mérito, e o título francês fez por onde: o mundo apresentado em Clair Obscur é profundamente melancólico apesar das fortes paletas de cores, o que reforça a opressão narrativa de estar em um mundo à beira do colapso, onde acompanhamos um grupo em uma expedição para derrotar a Pintora e encerrar o ciclo que assombra Lumiere.

No coração dessa melancolia, dois elementos destacaram o título francês: a maneira como sua trama trabalha a complexa emoção do luto e do senso de dever quando a morte é uma certeza e, claro, o famoso combate em turnos que mescla menus e comandos com elementos de interação em tempo real, onde acertar o timing dos seus comandos ou os ataques dos inimigos é essencial para garantir uma vantagem na batalha, assemelhando-se por vezes a jogos de ritmo onde apertar o comando no momento exato é o que garante a melhor taxa de sucesso.

Expedition 33 foi o exemplo mais recente de tudo o que os RPGs baseados em turno ainda podem oferecer para a indústria contemporânea, e se torna um dos must plays de uma geração inteira de entusiastas do gênero e daqueles que nunca tiveram sua experiência com jogos em turnos.

Concluindo

Os jogos acima evidenciam como o RPG em turnos encontrou novas formas de se expressar na evolução da indústria, buscando meios de entregar o mais clássico dos sistemas do gênero a novos elementos que os mantenham relevantes em um mundo cada vez mais interativo.

Por vezes, este será feito através de uma trama que deixe o jogador igualmente descontraído e de coração partido, como em Like a Dragon: Infinite Wealth, por vezes imbuindo elementos de outros gêneros e/ou mecânicas específicas dentro dos seus sistemas, como Clair Obscur: Expedition 33 fez, e em outras através de um chamado ao eco da nostalgia com uma experiência fresca e inovadora, onde Sea of Stars é um claro destaque.

Independentemente do meio, estamos presenciando, nesses últimos anos, uma nova ascensão do gênero, e com ele, a mescla de nostalgia com empolgação de um público que, por muito tempo, se sentiu pouco representado nos grandes títulos da indústria. O clássico, de alguma maneira, nunca pareceu tão novo.

Temi

Guia RPGs
Um Gamer logo