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The Last of Us: Quando Jogar é Sentir. Um Retrato Emocional do Jogo

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Vamos analisar a controvérsia na série The Last of Us com o jogo, explorando os temas polêmicos que polarizaram jogadores.

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revised by Romeu

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The Last of Us não é sobre zumbis. É sobre nós.

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Quando The Last of Us foi lançado, em 2013, poucos imaginavam que aquele jogo de sobrevivência pós-apocalíptico se tornaria uma das obras mais profundas já produzidas na indústria dos videogames. Dez anos depois e com a chegada de sua sequência, The Last of Us Part II não só conquistou prêmios e aclamação crítica, como também transformou vidas.

Não estamos falando apenas de jogabilidade refinada, trilha sonora impecável ou atuação de ponta. Estamos falando de emoção. De cicatrizes. De gente que se viu no Joel, que se perdeu com a Ellie, que odiou a Abby e depois aprendeu a amá-la. Porque The Last of Us não é uma história que a gente joga, é uma história que a gente sente.

Neste artigo, você vai encontrar todo o peso emocional do jogo e as vozes de quem viveu essa história de verdade. Gente comum, como eu e você, que terminou o jogo em lágrimas, silêncio ou reflexão. Este é um retrato emocional de The Last of Us.

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Joel não é herói. Mas ele é humano

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"Eu entendi o Joel. Não o perdoei, mas entendi." — Mariana, 28 anos

Para muitos jogadores, Joel representa mais do que um protagonista — ele é a encarnação do amor desesperado, do medo da perda e da brutalidade da sobrevivência. Sua decisão final no primeiro jogo, ao salvar Ellie e impedir a criação de uma possível cura, dividiu opiniões. Alguns o defenderam como pai. Outros o condenaram como egoísta.

Mas todos sentiram o peso da escolha.

"Trabalho em hospital. Já vi pais perderem filhos. Vi de perto o que isso faz com uma pessoa. Quando Joel salva Ellie, ele não está certo. Mas está quebrado. E isso é o que mais me doeu. Porque entendi o porquê, mesmo sem concordar." — Tatiane, 32 anos, enfermeira.

Essa complexidade é o que diferencia The Last of Us de narrativas convencionais. Ele não te diz o que pensar. Ele te faz sentir, refletir, questionar.

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The Last of Us Part II (2020) — A Vingança e Suas Consequências

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Ellie: entre a dor e o silêncio

"A raiva dela era minha também. Mas eu não sabia que ela ia me destruir junto." — Bárbara, 35 anos

Em The Last of Us Part II, vemos a transformação de Ellie. De uma jovem cheia de vida e curiosidade para uma mulher consumida pelo luto, pela raiva e pelo desejo cego de vingança. É difícil assistir à sua degradação emocional sem se afetar. É incômodo. É real.

"Joguei durante um período de depressão. A Ellie me refletia. A forma como ela se afundava em ódio, mesmo sabendo que não traria paz... era como eu me sentia. O jogo não me curou, mas me ajudou a entender que eu precisava parar de fugir da minha dor." — Silvia, 29 anos, ilustradora.

Muitos fãs terminaram o jogo exaustos emocionalmente. Não porque o jogo falhou em entregar uma história envolvente, mas justamente porque conseguiu fazer com que a dor de Ellie se tornasse a dor do jogador.

Abby: o espelho que não queríamos encarar

"Eu odiava ela. Depois percebi que ela era eu." — Ricardo, 24 anos

A introdução de Abby como personagem jogável foi uma das decisões mais ousadas da Naughty Dog e também uma das mais polêmicas. Ela matou um dos personagens mais amados da história dos games, logo no início da sequência. O ódio foi imediato. Intenso. Pessoal.

Então... o jogo te obriga a ser ela.

"Eu joguei com raiva. Mas quando percebi que a Abby também tinha alguém que amava, que também sofreu perdas... eu desmoronei. Nunca um jogo me fez sentir tão mal por odiar alguém. Foi brilhante." — Leandro, 38 anos, editor de vídeos.

Esse é o verdadeiro poder narrativo de The Last of Us Part II: usar o gameplay para gerar empatia. Forçar o jogador a encarar o outro lado, a enxergar que todos têm suas razões — e que ninguém está completamente certo ou errado.

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A empatia como jogabilidade

"Foi a primeira vez que um jogo me fez mudar de ideia sobre um personagem em tempo real." — Ana, 27 anos

Empatia não é um botão que se aperta. Em The Last of Us, ela é construída lentamente, por meio de silêncios, olhares, decisões difíceis. E o jogador sente isso na pele, especialmente quando precisa controlar personagens que antes julgava como inimigos.

"Eu cresci jogando RPGs onde matar era parte da rotina. Mas em The Last of Us, eu hesitava. Cada confronto era pesado. Cada morte me fazia questionar se aquilo era necessário. Passei a jogar com mais cuidado, com mais culpa. Nunca mais vi combate do mesmo jeito." — Caio, 22 anos.

Essa consciência moral gerada pela jogabilidade é algo raro. The Last of Us não premia violência gratuita. Ele mostra suas consequências. Mostra o vazio que vem depois.

Narrativas que curam (ou machucam ainda mais)

"Foi minha terapia sem palavras." — Silvia, 29 anos

Para muitos jogadores, The Last of Us foi mais do que entretenimento. Foi um processo. Um espelho. Uma conversa silenciosa com dores não resolvidas. Alguns lidaram com luto. Outros, com traumas. Outros ainda encontraram ali a coragem de perdoar.

"Perdi meu irmão pouco antes do lançamento do Part II. Joguei com o coração quebrado. E quando a Ellie começou a desmoronar emocionalmente, senti que estava caminhando com ela. No fim, quando ela escolhe deixar tudo para trás, foi como se eu também tivesse deixado minha dor ir embora." — Bárbara, 35 anos.

Esses relatos mostram como os jogos podem tocar dimensões emocionais profundas — e como a arte interativa pode ser um veículo legítimo de autocompreensão.

Um silêncio que ecoa depois do fim

"Eu terminei o jogo e fiquei em silêncio por horas. Nada fazia sentido depois disso." — Lucas, 26 anos

Talvez o maior mérito de The Last of Us seja esse: ele não termina quando você desliga o console. Ele permanece. Na memória, nos sentimentos, nas conversas. É um tipo de obra que cria comunidade. Que gera debate. Que não te oferece respostas prontas.

"A Ellie perde tudo. Mas quando ela poupa Abby, ela volta a ser humana. E isso me fez pensar em tudo que já deixei pra trás por insistir na dor. Foi um soco no estômago... e um abraço no coração." — Helena, 43 anos, professora de teologia.

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A Adaptação Live-Action

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A adaptação em live-action de The Last of Us pela HBO foi celebrada como um marco na transcrição de jogos para a tela. Contudo, mesmo com Neil Druckmann (criador do jogo) como co-roteirista, a série introduziu mudanças significativas na narrativa, personagens e estrutura. Estas alterações não são meros desvios, mas escolhas conscientes para aproveitar as possibilidades do novo meio.

A série escolheu um caminho diferente dos jogos, mostrando mais representatividade. Ellie é uma das primeiras protagonistas abertamente LGBTQ+ em um jogo de grande orçamento, e Abby quebra estereótipos de personagens femininas apresentando complexidade emocional.

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As Principais Diferenças de Roteiro entre a Série e o Jogo

A série da HBO recebeu aclamação na primeira temporada por sua fidelidade e aprofundamento dos personagens. Porém, vem sofrendo críticas pesadas em sua segunda temporada que divide opiniões. Isso aumenta ainda mais seu impacto cultural.

Temporada 1: Onde o Amor e a Dor Se Encontram

A primeira temporada foi, para muitos, o início de um vínculo emocional profundo. Para quem já conhecia o jogo, foi uma chance de reviver momentos icônicos com novos olhos. Para quem não conhecia, foi um convite brutal e delicado ao mesmo tempo.

"Eu já conhecia o jogo, mas ver aquilo tudo ganhando vida foi uma experiência muito diferente. Joel e Ellie se tornaram ainda mais humanos, mais frágeis, mais reais." — Carolina R., 29 anos

"Achei que fosse só mais uma série de zumbi, mas me vi chorando no primeiro episódio. A dor do Joel me destruiu. E a Ellie... nossa. Ela é luz em meio à escuridão." — Lucas F., 28 anos

Os episódios marcantes — como o da trágica perda de Sarah, a devastadora história de Bill e Frank, e a construção lenta da confiança entre Joel e Ellie marcaram profundamente o público. Houve quem dissesse que a série os ajudou a lidar com seus próprios traumas. Houve quem enxergasse nela uma metáfora para as relações reais, especialmente entre pais e filhos.

"A relação de Joel e Ellie me lembrava do meu vínculo com minha filha. A forma como ele tenta protegê-la a todo custo me quebrou." — Felipe M., 35 anos

"Assisti à série em um momento difícil da minha vida, e a história de Ellie me deu forças para seguir em frente." — Marina L., 31 anos

A primeira temporada foi, para muitos, um espaço seguro onde dor e beleza coexistiam. Onde a esperança ainda respirava, mesmo entre escombros.

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Temporada 2: O Ciclo da Vingança e a Humanização do Inimigo

Se a primeira temporada nos fez amar, a segunda nos fez sofrer. Ela rompe nossas expectativas, desafia a empatia e nos força a olhar para dentro. A morte brutal de Joel, logo no início da nova temporada, causou revolta, rejeição e choque.

"Fiquei em negação depois do primeiro episódio. Tive raiva da série, de tudo. Mas continuei assistindo... e entendi. A série estava me desafiando." — Diego N., 31 anos

A introdução de Abby, inicialmente vista como antagonista, provocou reações intensas. No entanto, à medida que a história se desenrola, os papéis tradicionais de herói e vilão são dissolvidos. O público é forçado a sentir empatia por alguém que, dias antes, odiava. Essa transição não foi fácil para ninguém.

"Acompanhar a jornada da Abby e ver a Ellie se perdendo no próprio ódio foi devastador. Foi cruel e lindo ao mesmo tempo." — Felipe M., 35 anos

"A série me fez sentir ódio, depois compaixão, depois culpa. Foi uma montanha-russa emocional que vai ficar comigo por muito tempo." — Larissa, 24 anos

O que mais tocou os fãs foi a coragem da série em mostrar as consequências reais da vingança. A série não glorifica a violência. Pelo contrário: mostra como ela destrói todos, inclusive aqueles que achamos estar ‘certos’. Ellie e Abby são espelhos quebrados, refletindo as rachaduras da condição humana.

"Vi o quanto a dor pode consumir e destruir. A série trata do trauma com uma honestidade quase insuportável." — Sofia, 23 anos

Empatia, Moralidade e o Espelho Emocional

Em cada episódio, The Last of Us força seus espectadores a refletirem sobre si. O bem e o mal se embaralham. Os heróis cometem atos imperdoáveis. Os vilões têm motivações compreensíveis. E nós, como espectadores, oscilamos entre o julgamento e o perdão.

"A série não entrega respostas fáceis. Isso é o que a torna tão poderosa." — Pedro Moraes, 30 anos

"Nunca vi uma obra de ficção provocar tanto diálogo dentro da minha casa. A série se tornou um momento de conexão com meus filhos adolescentes." — Gabriel, 40 anos

A moralidade ambígua da narrativa trouxe discussões intensas nas redes sociais, em grupos de amigos, e até dentro de famílias. Muitos relatam como o conteúdo da série gerou conversas profundas sobre justiça, perda e humanidade.

"A gente discutia as motivações dos personagens depois de cada episódio. Foi uma experiência incrível de conexão e reflexão." André Costa, 33 anos

"A série levantou dilemas que a gente nem imaginava debater. Foi além do entretenimento. Foi uma reflexão sobre o que significa seguir em frente." — Rafael, 42 anos

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A Dor Que Transforma: O Legado Emocional da Série

Se há um traço comum entre todos os depoimentos que recebemos, é este: ninguém saiu ileso de The Last of Us. Seja na forma de lágrimas, raiva, silêncio ou reflexão, a série deixou cicatrizes e, em muitos casos, também cura.

"Nunca chorei tanto por uma série. Foi brutal, mas inesquecível. Vai ficar comigo por muito tempo." — Mariana, 22 anos

"A série não julga, só mostra o que acontece quando a gente carrega feridas profundas. Me vi na Ellie, tentando sobreviver à dor." — Ana Liza, 33 anos

E talvez esse seja o maior feito de The Last of Us: nos lembrar de que, mesmo em um mundo devastado, ainda somos humanos. Ainda sentimos, ainda amamos, ainda lutamos para seguir em frente — mesmo que a estrada esteja cheia de perdas.

"Foi mais do que uma série. Foi um espelho. E eu me vi nele." — Vanessa, 26 anos

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Conclusão – Sobrevivemos, mas não ilesos

The Last of Us é mais do que uma franquia de sucesso. É um divisor de águas. Não apenas por sua qualidade técnica, mas porque ousou tratar o jogador como um ser emocionalmente capaz. Ousou entregar desconforto ao invés de recompensa. Perguntas ao invés de certezas.

Os fãs que compartilharam suas experiências mostram isso com clareza: não se trata de gostar ou não do final, de concordar com as decisões dos personagens. Trata-se de sentir. E poucos jogos no mundo conseguiram isso com tanta intensidade.

The Last of Us e The Last of Us Part II são mais do que jogos, são experiências narrativas que desafiam o jogador a refletir sobre suas próprias convicções morais. Com personagens inesquecíveis, um mundo bem construído e uma trama emocionalmente intensa, a franquia se consolidou como uma das mais importantes da história dos video games. Joel e Ellie deixaram um legado que vai muito além do controle do jogador e toca no coração de todos que viveram essa jornada.

As diferenças entre a série e o jogo são reinterpretações. Craig Mazin e Neil Druckmann mantiveram o centro emocional da história, lares desfeitos, perda e amor em um mundo despedaçado, enquanto adaptavam recursos interativos (como a tensão do stealth) em linguagem televisiva.

Expansões como o arco de Bill e Frank ou a tragédia de Kansas City enriquecem o universo, mas questionam o que é "fidelidade": replicar cenas ou capturar a alma da narrativa?

Entramos em The Last of Us para sobreviver. Mas o que faz a gente continuar é a vontade de entender o outro. Mesmo quando dói.