Review: Brothers a Tale of Two Sons Remake, o clássico renovado!

Desenvolvido com a Unreal Engine 3 pela Starbreeze Studios, publicado pela 505 Games e lançado em 2013 para diversas plataformas da época e recebendo porte para as mais atuais, Brothers a Tale of Two Sons foi o primeiro jogo dirigido por Josef Fares, este que eventualmente criou dois outros games de sucesso: A Way Out e It Takes Two, esse último que inclusive ganhou o prêmio de Game of The Year pela The Game Awards em 2021.

Em 28 de fevereiro de 2024 foi lançado uma versão remake do game, totalmente refeito com a Unreal Engine 5 e apresenta gráficos renovados e belíssimos, mantendo toda sua originalidade e gameplay com alguns detalhes extras.

Confira agora tudo sobre esse clássico e detalhes sobre a versão remasterizada. O jogo foi testado para essa review no PC e sua versão original foi rejogada no Nintendo Switch.

Uma forma diferente de contar uma história

O game conta a história de dois irmãos que perderam a mãe e correm o risco de também perder o pai para uma doença que só pode ser curada com o uso de um líquido mágico, encontrado em uma árvore mística. Determinados a salvar o pai, eles saem em jornada resolvendo quebra-cabeças, fazendo amizades e ajudando outros seres desse mundo fantástico.

Diferente de outros jogos, Brothers conta a história apenas com sons e as expressões dos personagens, com eles utilizando um idioma criado pelo diretor, que tem origens arábicas, logo, algumas palavras podem ser compreendidas por pessoas fluentes nesse idioma.

Através da entonação das palavras e a maneira como os personagens gesticulam, o idioma faz com que qualquer um entenda o que eles querem dizer ou contar, tornando a narrativa envolvente e cativante.

Gameplay

Além da sua narrativa, a gameplay também inova e proporciona uma experiência interessante para até dois jogadores.

Controlando o irmão mais velho com o gatilho e analógico esquerdo (L2 e L3) e gatilho e analógico direito o irmão mais novo (R2 e R3) temos o desafio de controlar ambos os personagens ao mesmo tempo, e dessa forma solucionar os puzzles e derrotar alguns chefes.

Temos diferentes habilidades entre os irmãos. O mais velho é mais forte e consegue interagir com objetos mais pesados e até retirar partes de certos objetos, em contrapartida, o irmão mais novo não consegue nadar (o que faz depender do irmão mais velho para se locomover na água) mas ele pode passar por entre barras estreitas.

É possível interagir com diversos objetos e NPCs ao longo da jogatina e cada irmão terá uma reação diferente. Além disso, é possível cumprir algumas sidequests que só serão encontradas caso o jogador vasculhe todo o cenário e interaja com os NPCs espalhados ao longo do jogo.

A câmera é controlada através dos botões de ombro (L1 e R1), mas como design de jogo, ela se movimenta em diversos momentos sozinha, para sempre manter o irmão mais novo do lado direito e o mais velho do lado esquerdo, o que em perspectiva de desenvolvimento, facilita com que o jogador interprete melhor os comandos do controle com o que visualiza na tela.

Em uma primeira jogatina, o jogador ou jogadores podem levar entre 3 a 4 horas no máximo para finalizar a campanha. Após conhecer os desafios, rotas mais curtas e como derrotar os chefes, esse tempo cai para no máximo 2 horas.

Diferenças entre o Original e Remake

É notável o salto gráfico da sua versão original de 2013 para a atual, mais de uma década depois, refeita na Unreal Engine 5. Novos elementos visuais graças ao HDR, sendo disponibilizado dois modos, sendo um com cores mais sombrias e outro com tons mais vívidos.

Os modelos gráficos dos personagens e NPCs foi aprimorado, o cabelo é algo que fica nítido notar a diferença, com cada fio sendo renderizado na nova versão. Alguns NPCs e até personagens importantes da narrativa foram renovados, causando mais impacto a determinadas partes da narrativa do game.

A jogabilidade se mantém idêntica ao original, com pequenas adições em alguns trechos. Um exemplo é no capítulo 1, onde devemos fugir de um cachorro. Na versão remake, novos elementos no cenário foram adicionados para dificultar um pouco essa parte, dando mais vida ao ambiente.

As cinematics receberam leves modificações, mas nada que altere a narrativa. Elas intensificam mais ainda momentos dramáticos ou enfatizam outras situações que o jogador irá encarar um desafio novo.

Conteúdos Extras

Assim como o jogo original, o Remake contém uma opção com conteúdos extras referentes as artes do desenvolvimento do jogo. No Brothers de 2013, encontramos artes feitas a mão pelo desenvolvedor para servirem de base de criação do level design e outros elementos do game. Além disso, temos uma sessão também para a trilha sonora e um vídeo de aproximadamente 55 minutos com o criador comentando sobre o desenvolvimento do game e detalhes de cada capítulo que podem ter passado despercebido ao longo da jogatina.

No remake, infelizmente, não temos a opção para apreciar a trilha sonora, temos apenas uma sessão para ver as novas artes que serviram de base para criação dos modelos novos e adaptações, além do mesmo vídeo de comentários de Josef Fares presente no primeiro game. O vídeo do Remake não conta com legendas.

Além das inovações gráficas e opções relacionadas a vídeo (sendo presente o modo qualidade gráfica e desempenho, garantindo o 60 fps nos consoles), o Remake possui ferramentas de acessibilidade, facilitando em alguns pontos o jogo como silhuetas de onde os personagens estão quando existe um objeto ou parede na frente dos mesmos, realce nos objetos interativos e filtros de imagem para pessoas com protanopia ou outro tipo de daltonismo.

Experiência de jogo e Desempenho

O game foi jogado por nós de duas maneiras: o Remake em coop utilizando dois controles e o Original de modo solo. São experiências extremamente diferentes.

Enquanto jogando no modo cooperativo, o game foca exclusivamente na narrativa, os desafios apresentados se tornam simples e até mesmo podem ser considerados extremamente fáceis para jogadores mais experientes.

Por outro lado, sendo jogado solo, controlando ambos os irmãos, mesmo conhecendo o jogo, os desafios se tornam muito mais divertidos devido à coordenação exigida ao jogador para controlar a câmera, posição dos irmãos, revezar entre os gatilhos que devem estar soltos ou presos e demais quebra-cabeças a serem solucionados.

Na versão de PC tivemos queda de FPS apenas no capítulo 1 em alguns trechos da cidade, com o jogo rodando com todas as suas configurações no mais alto e resolução de 1920x1080. Outros usuários na steam alegaram mais quedas de FPS ao longo do jogo, porém deduzo que envolvam fatores externos e não propriamente relacionado apenas ao jogo em si.

Aos que gostam de realizar conquistas, Brothers possui uma lista bem singela e simples de se concluir, contando com apenas 14 conquistas e um troféu extra no PlayStation, garantindo um troféu de platina fácil aos usuários da plataforma da Sony.

A máquina onde o jogo foi executado é um Intel i5 de sétima geração, 16gb de Ram, placa de vídeo GTX 1060 de 6GB e com o game instalado em um SSD. Com isso, é possível ter uma base se o jogo irá rodar bem no seu computador ou não.

Brothers a Tale of Two Sons é basicamente um clássico e deveria ser jogado por todos que buscam uma experiência única e história envolvente. Com a sua forma de narrativa, ele consegue cativar desde os mais novos até os mais velhos jogadores.

O Remake honra o legado do primeiro jogo e mantém toda a essência presente no game. Algumas cenas foram refeitas e tornaram o que já era marcante, ainda mais intenso e até, em alguns momentos, mais sombrio e pesado. No início do jogo inclusive somos avisados de possíveis gatilhos que o game pode gerar devido aos temas abordados.

Aos amantes do jogo, ele é uma homenagem ao seu game original, sendo uma opção quase obrigatória de jogatina. Aos que jogaram o primeiro, mas já se divertiram e apenas querem conferir o remake, recomendo esperar uma promoção antes de comprá-lo, pois o fator replay e tempo de duração de jogo são baixos. Caso você nunca tenha jogado, pode começar direto com o Remake que não irá se arrepender!

Dou uma nota 8/10 para o jogo. Sua narrativa não foi alterada, porém, teve acréscimos de detalhes que a tornaram ainda mais memorável e marcante. A jogabilidade se mantém divertida, sendo principalmente jogado solo. Os gráficos são belos e mostram um pouco do que os próximos jogos feitos na Unreal Engine 5 conseguem gerar. E por fim, para o que almejam trabalhar na indústria de jogos, assistir o vídeo comentado pelo escritor e diretor do game pode lhe dar excelente dicas e noções em como produzir e criar o seu próprio jogo.

Gostou das informações do Remake de Brothers a Tale of Two Sons? Já havia jogado o primeiro jogo e planeja jogar esse Remake? Deixe suas impressões que iremos sempre ler e respondê-los!

Confira também o nosso artigo sobre a carreira de um grande diretor no mundo dos jogos: Hideo Kojima!