Quando se trata de fazer sucesso, como um jogo é promovido e apresentado ao público pode ser ainda mais importante do que o jogo em si. Por isso, os trailers acabam sendo uma peça fundamental para garantir que o game se torne um fenômeno de vendas. Afinal, aqueles gráficos incríveis, história profunda e jogabilidade impressionante que estamos vendo foram feitas com muito capricho e o game vem numa qualidade sem igual, não é?
Porém, foi com vários golpes doloridos que aprendemos que nem sempre dá para acreditar em tudo que vemos nos trailers. Embora os anúncios de No Man's Sky e Alien Colonial Marines fossem hipnotizantes, esses jogos se revelaram, no fim, um verdadeiro fiasco e não são lembrados apenas por serem ruins, mas infames, já que os trailers estavam cheios de mentiras descaradas.
No entanto, alguns desses receberam adoração dos fãs, apesar de serem tão diferentes daqueles trailers que os apresentaram, já que, às vezes, os trailers deliberadamente deixam de fora um aspecto importante da jogabilidade ou do enredo porque eles não querem estragar a surpresa. Outras vezes, os jogos passam por alterações drásticas durante o desenvolvimento e o produto final acabado tem pouca semelhança com o que foi vendido.
Então, vamos falar de dez trailers que mentiram e enganaram os jogadores, alguns se redimiram, outros continuaram infames até hoje, mas que a gente não esquece. E, se ficar com dúvidas, deixe um comentário
Dragon Age: Origins
A BioWare tinha um dom para jogos de RPG que tem um desenvolvimento de personagens, caminhos ramificados, decisões que importam e combate estratégico.
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Embora Dragon Age: Origins siga esta fórmula, não parecia assim no início, graças a, não um, mas dois trailers mentirosos. Quase todos os momentos do teaser “We Are Grey Wardens” têm decapitações, desmembramentos e crânios esmagados. Dragon Age: Origins parecia o jogo de fantasia mais ousado de todos os tempos.
Embora Origins tenha sangue, a jogabilidade é mais centrada em combate baseado em turnos, diálogo e desenvolvimento de relacionamentos com os NPCs. Depois, no trailer “Sacred Ashes”. Não só as imagens te vendem uma violência exagerada, como também retratam os personagens humanos com rostos realisticamente proporcionais e armaduras de metal cheias de camadas. Mas no jogo, os gráficos não são tão caprichados assim.
Apesar do marketing mentiroso, Dragon Age se tornou um sucesso por sua construção de mundo coesa, personagens relacionáveis e jogabilidade viciante.
Call of Duty 2
Quando se trata de tentar vender um jogo, uma das táticas mais comuns é passar imagens pré-renderizadas do jogo em vez de gameplay real do jogo. E a Activision não pôde deixar de usar essa tática para Call of Duty 2. Embora o trailer da sequência fosse um filme pré-renderizado, foi deliberadamente estilizado para se assemelhar às imagens do game.
Como o COD2 era um título de lançamento de próxima geração, não estava claro até que ponto a tecnologia poderia ser real ou apenas um filme feito para vender o jogo. Além disso, os fãs queriam dar aos desenvolvedores o benefício da dúvida, considerando o quão revolucionário o original era.
Na verdade, a Activision só conseguiu dar um tiro no próprio pé, quando as autoridades de regulamentação de propagandas exigiram que eles parassem com essas propagandas que induziam o consumidor ao erro. Em retrospectiva, Call of Duty 2 ainda era um ótimo jogo de tiro em primeira pessoa por si só e nem precisava ter feito isso.
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Doki Doki Literature Club!
Ao contrário de outros jogos nesta lista, os trailers de Doki Doki Literature Club! aprimoraram a experiência de jogo. Para quem via, todos os aspectos de uma visual novel estilo anime estavam ali e pareciam ser inofensivos. A música otimista. As alunas divertidas. As conexões através da leitura. Os corações cor-de-rosa. Tudo sobre o indie free da Team Salvato parecia tão fofo.
Mas antes de entrar em DDLC, os jogadores deveriam notar que este adorável visual novel recebeu a classificação M de acima de 18 anos. Tenha certeza, esta classificação não é um acidente. Apesar da estética doce e inocente, não demora muito para que Doki Doki se torne um pesadelo de meta-horror.
Embora Doki Doki seja um título inovador que subverte perfeitamente as expectativas, não é para os fracos de coração. Os jogadores que esperavam jogar um simulador de namoro fácil vão ficar impressionados com os temas intensos e imagens perturbadoras do jogo. O trailer da versão expandida de Doki Doki Literature Club! Já não engana mais ninguém, então, não tentou fingir ser o que não é.
Gears of War
Este é um jogo de tiro de ação futurista, repleto de cabeças sendo esmagadas, diálogos carregados de machismo e armas com motosserras acopladas.
Mas, quando a série da Epic Games foi revelada em 2006, muita gente pensou que se tratava de algo completamente diferente. Para ser justo, o trailer não esconde os elementos que definiriam a franquia: armas desproporcionalmente grandes? Confere. Aliens grotescos? Confere. Um soldado com um corpo tão volumoso que desafia as leis da anatomia humana? Confere também.
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Ainda assim, o teaser transmite uma sensação totalmente distinta. O uso da música Mad World do início ao fim passa a falsa impressão de que Gears of War é um drama emocional sobre sobrevivência, carregado de tensão e melancolia. O trailer foca em um único personagem humano, sugerindo de forma enganosa que nosso herói solitário enfrentará sozinho uma ameaça cósmica.
Na prática, Gears of War é um shooter exagerado, que se preocupa menos em provocar emoções e mais em explodir cabeças de alienígenas com estilo. Curiosamente, esse tom sombrio do trailer teria feito mais sentido nas sequências, que passam a humanizar os personagens e oferecer uma experiência mais pessoal.
Embora o trailer inicial tenha mentido sobre a proposta, isso não impediu que Gears of War se tornasse uma das franquias mais bem-sucedidas da Microsoft por quase duas décadas.
Assassin's Creed
Baseado no primeiro trailer de Assassin’s Creed, a nova IP da Ubisoft parecia ser um hack-and-slash histórico, em que o jogador usaria stealth e parkour para eliminar seus alvos.
Embora essa leitura não esteja errada, havia um elemento-chave que os trailers deixaram de destacar. Pouco após iniciar o jogo, muitos jogadores ficaram confusos ao descobrir que Assassin’s Creed se passava nos dias atuais. Mais do que isso, a narrativa girava em torno de memórias genéticas, simulações futuristas, artefatos cósmicos e, sim, até alienígenas.
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Apesar de os efeitos de falhas no trailer sugerirem que havia algo além do que se via, poucos entenderam seu real significado. Com o benefício da retrospectiva, foi uma decisão acertada manter esse sub-enredo em segredo, já que seria difícil resumi-lo de forma clara em um trailer curto. (Além disso, acabou sendo uma ótima surpresa para os jogadores quando perceberam que Assassin’s Creed era, na verdade, um título de ficção científica.)
Essa camada extra da trama não atrapalhou a experiência — ao contrário, a deixou ainda mais rica, ao oferecer uma narrativa bem mais profunda do que a divulgação inicial indicava. Mesmo que esse sub-enredo não tivesse funcionado, Assassin’s Creed já se sustentaria por conta própria, graças ao combate fluido, à construção de mundo impressionante, às seções de parkour envolventes e à mecânica furtiva de alta qualidade.
Elite: Dungerous
Desde sua estreia em 1984, a série Elite sempre se concentrou em negociação espacial e simulação de combate. Mas, ao assistir aos trailers de Elite: Dangerous, parecia que o MMO estava se preparando para algo muito mais voltado à ação. Tipo, muita ação.
O teaser mostra naves explodindo asteroides, inimigos e estações espaciais em meio a um fluxo interminável de balas, tudo isso com uma trilha de rock and roll ao fundo.
Qualquer pessoa não familiarizada com a franquia poderia facilmente assumir que se tratava de um jogo focado em batalhas (considerando especialmente o título “Elite: Dangerous”). Após ver essas imagens, até mesmo os fãs mais antigos, que sabem que a série é centrada em simulação espacial, poderiam acreditar que Dangerous teria um tom mais bombástico do que os jogos anteriores.
Mas não foi o caso. Mais uma vez, a jogabilidade gira majoritariamente em torno de negociação, mineração, exploração — e mais negociação. Embora existam atividades voltadas para a ação, o ritmo geral é bem menos frenético do que os trailers sugeriam.
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Dito isso, esse sandbox espacial está anos-luz à frente da concorrência, graças à sua mecânica equilibrada, recursos acessíveis e uma galáxia literalmente cheia de conteúdo. A possibilidade de assumir diversos papéis — como entregador, comerciante, pirata, infiltrado ou mercenário — oferece uma enorme variedade de estilos de jogo e um potencial de replay impressionante.
Mesmo que Elite Dangerous seja um jogo excelente, é difícil não sentir pena de quem o comprou esperando algo mais próximo de Star Wars.
Tekken 5
Embora o trailer de Tekken 5 tenha sido meio chato, houve um momento específico que surpreendeu os fãs. No final do teaser, Kazuya deixa seu pai, Heihachi, à mercê de dezenas de androides. Um dos robôs detona, transformando a área em uma cratera. Para deixar as circunstâncias o mais clara possível, um texto aparece na tela, lendo: “Heihachi Mishima… está morto.”
Essa decisão de acabar com o velho Mishima foi chocante por ser ousada. Estando no cerne da história desde o Dia 1, a morte de Heihachi teria certamente criado uma mudança cataclísmica na narrativa geral.
Pelo menos, teria sido, se o vilão de cabelos espetados estivesse realmente morto. No modo história, é revelado que Heihachi está vivo e bem (apesar de estar no epicentro da explosão). No entanto, essa mentira não arruinou a experiência. Na verdade, Tekken 5 é considerado um retorno aos bons tempos da franquia.
Embora Tekken Tag Tournament e Tekken 4 não tenham inovado, essa parcela elevou tudo ao máximo, incluindo a mecânica, os gráficos, a velocidade do combate e a lista de lutadores. Os novos personagens foram tão bem recebidos que vários apareceram em todos os jogos seguintes. Como um bônus adicional, a versão para PS2 entregou Tekken 1 a 3 de graça.
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Ainda assim, é estranho como a morte de Heihachi teve um papel importante na publicidade de Tekken 5, considerando desmentida pouco depois, na campanha principal.
Dead Island
Em Dead Island, os jogadores devem procurar armas e suprimentos enquanto zumbis vorazes atacam de todas as direções. O zombfest de mundo aberto oferece combate sólido, extensas opções de personalização e um incrível multiplayer cooperativo. No geral, Dead Island é um sucesso absoluto.
No entanto, muitos jogadores ficaram profundamente desapontados no início devido à maneira como o jogo da Techland foi anunciado. O trailer de Dead Island tinha um problema único — era muito bom. Na verdade, é, sem dúvida, o trailer de videogame mais criativo, lindamente estruturado e comovente já feito.
Enquanto os espectadores assistem a uma família amorosa atacada por uma horda de mortos-vivos, ao som de uma melodia melancólica ao fundo, algo certamente mexe no coração. Essa peça de três minutos vendeu Dead Island como uma saga de sobrevivência na mesma linha de The Last of Us ou The Walking Dead.
Mas não é isso que recebemos. Em vez de uma emocionante jornada, o jogo é sobre atacar tudo e esmigalhar cérebros dos zumbis com machados, facões e bastões de beisebol cravados de pregos. Embora Dead Island deva saciar a vontade de matar zumbis, seu legado provavelmente sofreu mais devido ao trailer inspirador do que pelo próprio jogo.
Watch Dogs
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O título de mundo aberto com temática hacker da Ubisoft, Watch Dogs, foi muito aguardado antes do seu lançamento. O jogo foi um dos primeiros a chegar na geração dos consoles PS4 e Xbox One, e seus trailers deixaram os jogadores esperando por uma experiência verdadeiramente digna da próxima geração de consoles. Embora o conceito de hackear tudo em Seattle estivesse presente, infelizmente o jogo não correspondeu ao que foi mostrado no trailer original e na demonstração de jogabilidade.
Os jogadores ficaram compreensivelmente desapontados, pois o jogo parecia ter retrocedido. Muitos vídeos de comparação foram feitos para mostrar a abundância de diferenças em relação às imagens originais da E3, que exibiam um mundo aberto muito mais detalhado e interativo do que o que foi entregue.
E o pior ainda foi quando os modders descobriram dentro dos arquivos do jogo os arquivos originais nomeados apropriadamente com a sigla “E3” e os restauraram, entregando uma versão do game próxima ao que foi mostrado antes. Então, não havia motivo nenhum para que o jogo tivesse sofrido o downgrade que sofre e isso marcou a franquia como um todo a ponto de hoje estar na gaveta da Ubisoft e sem perspectiva de sair.
No Man's Sky
O épico espacial No Man Sky sempre foi considerado um título altamente ambicioso, especialmente de um estúdio menor. Seus trailers mostraram ambientes prósperos e enorme exploração, juntamente com a promessa de batalhas espaciais maciças, alianças com federações comerciais intergalácticas, traições e multiplayer com amigos, e a Hello Games se aproveitou desse hype, destacando sua galáxia de trilhões de planetas para os jogadores explorarem e transformarem esse jogo em um dos mais aguardados do ano.
Infelizmente, quando No Man Sky foi lançado, embora mantivesse sua promessa de ter muitos planetas para explorar, eles eram principalmente estéreis e nada como os vistos nos trailers. Quanto ao seu multiplayer, isso era praticamente inexistente após o lançamento, levando a uma reação raivosa dos jogadores e muitos exigindo reembolsos completos do jogo.
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Nos anos seguintes, a Hello Games trabalhou em No Man Sky para remediar esse lançamento negativo, e o jogo agora é recebido de forma mais positiva. Portanto, os jogadores que entram agora em No Man Sky tem uma experiência completamente diferente da época do seu lançamento, e uma mais próxima, e às vezes melhor do que o que foi originalmente prometido por seus impressionantes trailers.
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