Introdução
Lançado em 2019, e indicado no mesmo ano como Best Independent Game no The Game Awards, Katana Zero é um jogo de plataforma situado em um futuro distópico em estilo neo noir, com um sistema de combate bem desafiador. No entanto, como sua trama envolve personagens alterando múltiplas linhas do tempo, a história pode ficar confusa e difícil de relacionar cada cinemática em diferentes momentos; logo, quando isso se torna mais intenso durante a gameplay, estamos em um local e logo aparecemos em outros, assim a noção de espaço e tempo presente é distorcida.
Ad
A noção de tempo afetada é intimamente relacionada com o mistério que envolve o protagonista do jogo. Em uma busca pela verdade sobre os acontecimentos em seu passado, vamos destrinchar em Katana Zero uma história sobre o uso de drogas militares, o descontrole ético das pesquisas por supersoldados, abstinência e crimes de guerra. Aqui, irei explicar tudo que ocorre ao longo deste jogo, que é um deleite tanto para os jogadores de jogos plataforma, quanto aos amantes de cyberpunk.
O Começo
Começamos em uma missão com o protagonista, que por alguns personagens é conhecido como Dragão. Ele é um veterano de guerra, que possui um suposto dom conhecido como precognição, onde é possível planejar todos os seus movimentos para execução nos próximos segundos; assim, permite que ele realize ações consideradas impossíveis por um ser humano comum, como refletir balas e enfrentar inimigos armados com uma katana. Essa é a mecânica principal para superar as fases do jogo: utilizar a precognição para eliminar todos os inimigos de uma área, visto que qualquer tiro resulta em morte. Mas o que seria exatamente essa missão? Eliminar um alvo designado por seus empregadores, logo, Dragão age como um assassino em série.
As missões realizadas pelo protagonista são dadas pelo seu psiquiatra, o qual ele encontra regularmente após cada uma de suas missões; isso acaba se tornando obrigatório para o protagonista, pois somente em suas sessões semanais ele recebe suas medicações para tratar sua amnésia e suposto traumatismo craniano que sofreu na guerra. Entre seus sintomas, também é comum ocorrer pesadelos a noite, que ele acredita estarem relacionados com seu passado esquecido; o psiquiatra acredita que são efeitos colaterais da medicação. Os trabalhos consistem em executar alvos que estão relacionados a distribuição de uma nova droga na cidade, e com isso, começamos a obter novas informações do que realmente está acontecendo, pois isso nunca é deixado claro pelos empregadores.
O conteúdo desses pesadelos é bem importante: o sonho envolve uma cabana no interior, onde uma criança está escondida com um cientista; um homem militar entra na casa, e assassina os dois, além de destruir uma máquina de pesquisa no fundo.
O Encontro com DJ Eletrohead
Logo em uma dessas missões, o principal é designado para eliminar um DJ que supostamente está realizando a distribuição dessa droga. Ao chegar no local, ele é avisado pelo psiquiatra que está proibido de conversar com Eletrohead. Obviamente, essa suspeita só traz maior interesse em conversar com o DJ; ao encontrá-lo, ele fica com medo e acredita que você é de quem ele roubou a droga nova, e com seu uso ele não sabe mais o que é real, além de permitir que ele veja o tempo mais lento. Ao questionar o psiquiatra sobre isso, ele fica enfurecido e esclarece que, na verdade, a precognição é um dos efeitos da droga, e é esta suposta medicação que recebemos em todas as sessões.
Ad
O Contrabandista V
Com o desenrolar das missões, encontramos um personagem interessante: V, que é um contrabandista de drogas, e sabe bastante sobre essa nova droga que estamos investigando. Estranhamente, ele também tem grande admiração pelo espadachim, especialmente por sua capacidade de cometer assassinatos e não sentir remorso. Em uma das nossas missões, V consegue encontrar o nosso alvo designado antes do protagonista, ambos são presos em uma sala, e V nota algo diferente: é virtualmente impossível assassinar o protagonista, pois todo momento em que ele morre, utiliza a precognição para evitar o futuro em que ele é morto. Logo, ele diz: “Quantas vezes eu já te matei? Você também é um viciado em Cronos então, eu já sabia”. Agora sabemos o nome da droga, e que mais pessoas fazem seu uso.
Após escapar e perseguir V pela estrada, causando um caos inimaginável na cidade, ele é finalmente encurralado. Então, algo estranho acontece: outro espadachim de Katana aparece e assassina o contrabandista; aparentemente, este é o suposto Dragão, e o principal somente supôs que os inimigos o chamavam de Dragão, e não havia outro espadachim na história. Mais perguntas são levantadas: quem é esse Dragão? O que ele sabe sobre a Cronos? Ele também é um usuário? Com mais questionamentos, vamos para a sessão semanal com o psiquiatra.
A Disrupção Temporal
O psiquiatra está furioso novamente com todo o alvoroço causado na cidade, mas logo nossa atenção é voltada para outra coisa: voltamos no tempo, para quando V havia prendido o espadachim em um galpão. O tempo fica confuso, e V diz que logo quando ocorrer nossa abstinência de Cronos, seu tempo vai parar, e ele ficará infinitamente no mesmo momento em que a Droga acabou em seu sangue; essa fala é interrompida ao receber a injeção do psiquiatra, e voltarmos para o tempo atual. Agora, devemos matar o Dragão.
A Grande Revelação
Chegamos a encontrar Dragão, porém descobrimos que ele tem uma parceira em roupas militares, e ambos estão buscando vingança contra alguém; o Dragão escapa e sua parceira é morta, e somos conduzidos a uma nova missão: eliminar Leon, o criador da droga Cronos. Ao chegar no laboratório e conversar com ele, descobrimos que ele estava envolvido em um processo financiado pelo governo chamado projeto NULL, onde super soldados eram criados ao utilizarem a droga Cronos, que se permitia voltar no tempo e executar missões impossíveis. No entanto, a abstinência é cada vez maior em quem usa, e os usuários ficam insanos com o tempo, presos em loops temporais de sua morte infinitamente, caso não façam mais uso do químico.
O Final
Ad
Chegamos novamente ao psiquiatra, e a noção de tempo é quase nula devido a abstinência intensa que o protagonista sofre; cansado da falta de respostas, o espadachim assassina brutalmente o psiquiatra para obter Cronos, e pega o dossiê sozinho na mesa; o próximo alvo era Zero, um supersoldado remanescente da guerra.. mas ele se parece com o espadachim? ao chegar em casa, descobrimos que somos procurados pela SWAT e fugimos. Nessa busca final, é revelado o verdadeiro conteúdo do sonho: o militar que assassina o cientista e a criança na verdade é Zero, que é o nome do nosso protagonista. Após sair da casa, Zero se encontra com o Dragão, ambos super soldados parceiros remanescentes da guerra que praticaram crimes inimagináveis, e tiveram suas memórias apagadas. Não houve nenhum traumatismo craniano, Zero foi apenas um soldado que precisava manter seu vício em Cronos para não sucumbir como outros. E assim, o jogo acaba
Conclusão e Considerações
Não foi possível elaborar sobre todos os fatos que acontecem no jogo; existe uma relação de afeto e paternidade que Zero estabelece com uma criança que mora no apartamento vizinho, além das inúmeras alucinações que acontecem durante o jogo; duas figuras de máscara, a morte e a vida, aparecem algumas vezes para que decisões e questões filosóficas sejam abordadas. Essas e outras teorias e informações, são todas complementadas ao jogar o jogo.
O grande diferencial nessa história cheia de reviravoltas, é principalmente como ela é apresentada para o jogador; é feita de maneira instigante, onde buscamos sempre nos interessar mais, realizar a próxima missão e tentar entender onde cada coisa se relaciona, e tudo isso é revelado ao desenvolver da trama, por isso, acredito que é uma experiência única, que só é verdadeiramente vivida ao jogar, logo é altamente recomendado viver toda essa história em gameplay.
— Comentarios0
Se el primero en comentar