Um Novo Capítulo para os Fãs de Action RPG

Desenvolvido pela Stoic, renomada por The Banner Saga, e publicado pela Xbox Game Studios, Towerborne chega aos consoles após seu lançamento inicial no PC em 2024. Com uma proposta que mistura beat 'em up e RPG de ação, o jogo é uma experiência cooperativa em um mundo pós-apocalíptico repleto de monstros e esperança. Neste review, vamos analisar suas mecânicas, evolução desde o Early Access e como esta sua chegada ao Xbox Series X/S e Game Pass.

A Cidade dos Numeros e a Towerborne
Towerborne se passa na Cidade dos Números, um mundo de fantasia pós-apocalíptico dominado por monstros. Os heróis são conhecidos como Ases, que devem partir para recuperar territórios perdidos. Os ases podem ser personalizados no Belfry, o mundo central do jogo. Os jogadores podem escolher entre vários tipos de armas, incluindo War Clubs, Gauntlets, Dual Daggers e Swords and Shields, embora não estejam presos a nenhum estilo de jogo.

Jogabilidade: Combate Fluido com Personalização
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Resgatando o Melhor dos Arcades

A parte central de Towerborne está em seu combate side-scrolling, que combina a intensidade de Streets of Rage com a profundidade de um RPG. As quatro classes disponíveis: Sentinel (espada e escudo), Pyroclast (clava flamejante), Rockbreaker (manoplas de pedra) e Shadowstriker (adagas ágeis), oferecem estilos únicos, desde defesa sólida até ataques velozes.

A fluidez das animações e a possibilidade de desferir combos aéreos e cancelamentos lembram jogos de luta, algo que o designer de combate Isaac Torres trouxe de sua experiência com Killer Instinct.
A sexta atualização, lançada com a versão para consoles, trouxe um sistema de habilidades redesenhado, permitindo personalizar builds com habilidades de suporte, movimentos especiais e modificadores de combate. Agora, o Pyroclast pode incendiar inimigos, enquanto o Shadowstriker desvia ataques com invincibility frames (i-frames).

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Progressão e Loots: Uma Faca de Dois Gumes

A progressão é baseada em equipamentos que determinam o nível de poder do jogador. Missões concedem loots generosos, mas a principal crítica é sobre a repetitividade dos modificadores de equipamento. Muitos itens que aumentam apenas estatísticas básicas, como dano ou defesa, sem introduzir mecânicas novas.

A inclusão de equipamentos lendários aliviou parcialmente esse problema, oferecendo habilidades como um ataque que marca inimigos para explosões em área. No entanto, a necessidade de desmontar itens repetidos para obter recursos de aprimoramento torna o pós-missão tedioso e a sensação que temos é que está lá apenas para ocupar espaço no jogo e dar "mais tempo de gameplay".

Mundo e Design: Beleza Visual vs. Repetição

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O Belfry e o Mapa Hexagonal

O mundo de Towerborne gira em torno do Belfry, uma torre imponente que serve como o hub social. Com uma arquitetura bonita e detalhada e NPCs animados, o local nos transmite uma atmosfera acolhedora, trazendo um ótimo contraste com o caos das missões externas.

O mapa principal é organizado no estilo Civilization, onde cada pedaço representa uma missão ou área explorável. Embora o sistema permita expansões futuras, existe uma grande repetição de biomas (florestas de cogumelos, pradarias, etc) e a falta de segredos exploráveis limita a sensação de descoberta, deixando os lugares como um imenso vazio bonito de se admirar, mas sem sentido em explorar.

Narrativa: Ótima Base, mas Pouco Desenvolvida

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A premissa de reencarnados lutando para proteger a humanidade é bastante cativante, mas sua narrativa é linear e pouco explorada. Personagens como Paloma e Mirror (o Umbra que revive os jogadores) têm bastante potencial, mas suas histórias são bastante curtas e superficiais, deixando uma sensação de que faltou algo. Pode ser que em futuras atualizações a equipe inclua mais lore, como diários ou até eventos dinâmicos, algo que tornaria o jogo mais rico.

Multiplayer: Cooperação Online e Local

Diversão Caótica com Amigos

O brilho de Towerborne está no modo cooperativo, suportando até quatro jogadores online ou locais (no console). O escalonamento de dificuldade se altera conforme o tamanho do grupo e a adição de crossplay na versão para consoles resolveu um problema antigo do Early Access, além de deixar o jogo melhor para todos se divertirem juntos.

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Porém, as missões iniciais focadas em conteúdo solo podem deixar jogadores que buscavam cooperação imediata frustrados. A introdução do Party Finder (sistema de matchmaking) melhorou muito a experiência, embora ainda haja espaço para mais missões projetadas para grupos, isso pode ser resolvido em novas atualizações.

Grind e Monetização: Ético, mas Cansativo

Um Modelo Free-to-Play Promissor

Durante o Early Access, o jogo foi vendido via Founder’s Packs (a partir de US$24,99), que incluía cosméticos exclusivos e acesso antecipado. Após o lançamento final, ficou free-to-play, com monetização focada em skins e itens de conveniência, sem pay-to-win, uma decisão sensata e elogiada pela comunidade do jogo.

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Porém, a economia interna depende de grind intensivo para aprimorar equipamentos, e quando digo intensivo não é pouco, mesmo com dezenas de horas de gameplay, a repetição de missões para obter recursos desgasta o jogador casual.
Por várias vezes, eu simplesmente colocava uma playlist gigante de músicas dos meus artistas favoritos e ficava repetindo missões, chegando num momento em que o jogo se tornava apenas um pano de fundo para o que estava ouvindo e cantando, eu não estava realmente lá jogando, apenas entrei num loop de transe e repetição intensiva para obter itens do game.

Versão para Consoles: Otimização e Integração com Game Pass

A chegada ao Xbox Series X/S trouxe otimizações notáveis ao jogo:
- 60 FPS estáveis e carregamentos rápidos.
- Suporte a coop local em um único console, revivendo a nostalgia de Castle Crashers e dos clássicos dos Beat'em Ups.
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- A Inclusão no Game Pass ampliou o acesso, trazendo novos jogadores.
A integração com todo o ecossistema Xbox também permitiu ajustes de balanceamento baseados em feedback do PC, como a remoção do sistema de vidas e a introdução do Mender’s Flask (cura recarregável), algo que torna o combate mais estratégico.

Prós e Contras

Prós
- Combate Dinâmico e Profundo: Combinando elementos de beat 'em up com mecânicas de RPG, o jogo oferece estilos únicos, desde ataques corpo a corpo até habilidades de suporte.
- Cooperação Online e Local: O multiplayer suportando até quatro jogadores com crossplay e cross-progression tornam a experiência extremamente divertida.
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- Arte Visual Estilizada e Trilha Sonora: O visual detalhado, como a Floresta Fúngica e as Ruínas da Cidade dos Números, se destacam, enquanto a trilha sonora reforça a imersão no mundo de Eld.
- Monetização Ética e Conteúdo Contínuo: O modelo free-to-play evita o pay-to-win.
- Otimização para Consoles: A versão para Xbox Series X/S oferece 60 FPS estáveis, carregamentos rápidos e integração com o Game Pass, ampliando sua acessibilidade.

Contras
- Repetitividade de Missões e Conteúdo: Muitas missões seguem a mesma estrutura: derrotar hordas de inimigos em ambientes repetitivos. A falta de variedade em objetivos (proteger NPCs, resolver quebra-cabeças) e biomas genéricos limitam a exploração.
- Narrativa Superficial e Falta de Dublagem: A história, centrada na defesa da Torre Belfry, é pouco desenvolvida, com diálogos via caixas de texto e personagens secundários sem profundidade. A ausência de dublagem torna as interações com NPCs pouco imersivas.
- Progressão Dependente de Grind: A repetição excessiva de missões para obtenção de equipamentos lendários e recursos de aprimoramento pode desgastar os jogadores.
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- Experiência Solo Limitada: Enquanto o multiplayer é maravilhoso, o modo single-player é fraco e precisa de desafios e variedades, algo que torna o jogo monótono rapidamente.

Conclusão: Um Diamante em Processo de Polimento
Towerborne é uma experiência divertida e visualmente deslumbrante, ideal para fãs de action RPG e cooperação. Seu combate dinâmico, personalização profunda e compromisso ético com a monetização são pontos fortes. Recomendado principalmente para grupos que buscam diversão caótica. No entanto, a repetição de conteúdo, a narrativa superficial e a dependência de grind impedem que ele atinja todo seu potencial.
Com a Stoic demonstrando resposta ágil ao feedback (ex.: atualização seis), ainda há esperança de que o jogo evolua. Para quem busca um beat 'em up moderno com amigos, Towerborne já vale a pena, especialmente no Game Pass. Para quem quer adquirir o jogo e ter uma experiência solo completa, talvez valha a pena esperar mais conteúdo e refinamento.
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