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Videogame é Arte? Uma Análise Sobre as Definições, História e Controvérsias do Tema

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Afinal, podemos de fato classificar videogames como arte? Neste artigo, nos aprofundamos nas definições de arte e como essa mídia se manifesta na cultura e no imaginário coletivo moderno.

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rezensiert von Romeu

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A Pergunta Que Todos Fazem

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A pergunta "videogame é arte?" tem gerado debates intensos durante muitos anos. Para respondê-la, é necessário compreender o que é arte, como seu conceito evoluiu ao longo da história, como surgiram as sete artes e como os videogames se inserem nesse contexto.

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Neste artigo vamos explorar essas questões, analisando definições filosóficas, trajetórias históricas e argumentos contemporâneos que defendem (ou contestam) a legitimidade dos jogos eletrônicos como expressão artística.

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O Que é Arte? Definições e Perspectivas

"A Criação de Adão" (Michelangelo Buonarroti)

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A arte é um conceito complexo. Derivada do latim ars, que significa "habilidade" ou "técnica", sua definição varia conforme o contexto cultural e histórico.

"O Grito" (Edvard Munch)

Para Aristóteles, a arte era uma mimese (imitação da realidade), enquanto Immanuel Kant a via como uma atividade racional e livre, distinta da natureza e da ciência. No século XIX, o romantismo enfatizou a arte como expressão emocional, ideia reforçada por Tolstói, que a definiu como um meio de comunicação indireta de sentimentos.

Liev Tolstói
Liev Tolstói

Já no século XX, a arte moderna desafiou noções tradicionais, priorizando ideias sobre estética, como no dadaísmo ou na arte conceitual. Hoje, a arte contemporânea abrange desde criações multimídia até performances, refletindo uma pluralidade de linguagens. A falta de uma definição universal é, paradoxalmente, ou seja, contrário ao senso comum, uma parte de sua essência é: arte é tanto processo quanto produto, técnica e expressão, tradição e inovação.

"Abaporu" (Tarsila do Amaral)

Arte: Da Pré-História à Era Digital

Pintura Rupestre na Caverna de Lubang Jeiji Saléh na Indonésia
Pintura Rupestre na Caverna de Lubang Jeiji Saléh na Indonésia

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Arte Pré-Histórica e Antiga

Pintura Rupestre na Caverna de Altamira na Espanha
Pintura Rupestre na Caverna de Altamira na Espanha

As primeiras manifestações artísticas surgiram há mais de 40 mil anos, com pinturas rupestres que retratavam caças e rituais. Essas obras, como as de Lascaux (uma caverna no sudoeste da França, famosa por suas pinturas rupestres pré-históricas), tinham funções ritualísticas e simbólicas. Na Antiguidade, egípcios e mesopotâmicos usaram a arte para glorificar deuses e governantes, enquanto gregos e romanos buscaram a harmonia e a perfeição de formas.

Pintura Ruprestre em Lascaux
Pintura Ruprestre em Lascaux

Idade Média ao Renascimento

Mona Lisa (Leonardo Da Vinci)
Mona Lisa (Leonardo Da Vinci)

Na Idade Média, a arte foi dominada pelo teocentrismo, com ícones religiosos e arquitetura gótica. O Renascimento reintroduziu o antropocentrismo, valorizando a perspectiva científica e a beleza idealizada, como nas obras de Leonardo Da Vinci e Michelangelo.

Retrato de Uma Mulher (Jan van Eyck)
Retrato de Uma Mulher (Jan van Eyck)

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Modernismo e Contemporaneidade

Reprodução de interpretação de A face da guerra, de Salvador Dalí
Reprodução de interpretação de A face da guerra, de Salvador Dalí

O século XX trouxe consigo rupturas radicais: o cubismo de Picasso desconstruiu formas, o surrealismo de Salvador Dalí explorou o inconsciente, e a pop art de Andy Warhol questionou o consumo.

Andy Warhol
Andy Warhol

A arte contemporânea, por sua vez, abraça a tecnologia, como na arte digital e nas Instalações interativas que são obras de arte ou projetos que envolvem o público de forma ativa, permitindo que ele interaja com a obra e influencie a sua evolução. São sistemas vivos onde a experiência do público molda o ambiente e o evento que se passa dentro dele.

Grafite em Olinda, Brasil
Grafite em Olinda, Brasil

Manifesto das Sete Artes

Filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel

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Em 1923, o intelectual italiano Ricciotto Canudo propôs no seu Manifesto das Sete Artes uma atualização de sua publicação de 1911, intitulada La Naissance d'un sixième art, aumentando a lista precedente do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. O texto de 1923 passa então a incluir a Dança na listagem, tornando o Cinema a Sétima Arte.

Manifesto das Sete Artes (Ricciotto Canudo)
Manifesto das Sete Artes (Ricciotto Canudo)
"Virgem Maria", 1850 (Giovanni Strazza)

Ele apresenta a seguinte listagem das artes:

1ª Arte - Arquitetura

2ª Arte - Escultura

3ª Arte - Pintura

4ª Arte - Música

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5ª Arte - Poesia

6ª Arte - Dança

7ª Arte - Cinema

Segundo esse Manifesto, o teatro não aparece na lista como uma forma independente de arte, pois o mesmo combina diversas linguagens artísticas existentes.

Posteriormente, foram propostas outras formas de arte, umas mais ou menos consensuais, outras que foram prontamente aceitas como o caso da 9ª arte, que hoje em dia é uma expressão tão utilizada para designar a "banda desenhada" (também conhecida como histórias em quadrinhos-HQ), como é 7ª arte para o cinema.

Ballet "O Corsário
Ballet "O Corsário"

Numeração das artes Atuais

O Partenon é um dos grandes símbolos da arquitetura grega
O Partenon é um dos grandes símbolos da arquitetura grega

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Atualmente, esta é a numeração das artes mais consensual, sendo, no entanto, apenas indicativa, onde cada uma das artes é caracterizada pelos elementos básicos que formatam a sua linguagem e foram classificadas da seguinte forma:

1ª Arte - Artes sonoras (som)

2ª Arte - Artes cênicas (movimento)

3ª Arte - Pintura (cor)

4ª Arte - Escultura (volume)

5ª Arte - Arquitetura (espaço)

6ª Arte - Literatura (palavra)

7ª Arte - Artes audiovisuais (audiovisual) (Contém artes anteriores como a música para trilha sonora, artes cênicas para dublagem e captura de movimentos, pintura, escultura e arquitetura para o design, e literatura para roteiros.)

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The Phantom of the Opera (Gaston Leroux)
The Phantom of the Opera (Gaston Leroux)

Outras formas expressivas, também consideradas artes, foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto:

8ª Arte - Fotografia (imagem)

9ª Arte - História em quadrinhos (cor, palavra, imagem)

10ª Arte - Video Games (integra os elementos de outras artes adicionando a interatividade)

11ª Arte - Arte Digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).

É preciso deixar claro que, quando se fala em numeração proposta pelo manifesto, está se referindo aos números utilizados e não à sequência ou ao tipo de artes na listagem.

"The Vulture and the Little Girl", do fotógrafo Kevin Carter lhe rendeu o Prêmio Pulitzer de fotografia

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Video Games Como Arte: Argumentos e Controvérsias

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A Emergência dos Jogos Eletrônicos

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Os video games surgiram na década de 1970 como entretenimento, mas rapidamente evoluíram para narrativas complexas e experiências visuais sofisticadas. Títulos como Shadow of the Colossus (2005) e Journey (2012) são frequentemente citados como exemplos de jogos com profundidade estética e emocional.

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Defensores da Arte nos Video Games

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- Expressão Multissensorial: Jogos combinam música, narrativa, design visual e interatividade, criando experiências imersivas. The Last of Us e Hellblade, por exemplo, usam cinematografia e trilha sonora para nos fazer ter empatia sobre a história.

- Interatividade como Linguagem Única: Ao contrário de formas estáticas, os jogos envolvem o jogador na construção da narrativa. Detroit: Become Human permite escolhas morais que alteram o desfecho, explorando temas como liberdade e identidade.

- Reconhecimento Institucional: Museus como o Smithsonian e o MoMA incluíram jogos em exposições. The Art of Video Games (2012) destacou a evolução do meio como expressão criativa.

- Legislação e Crítica Filosófica: Em 2011, a Suprema Corte dos EUA reconheceu videogames como "protegidos pela Primeira Emenda", equiparando com outras formas artísticas. Filósofos como Aaron Smuts e Grant Tavinor argumentam que jogos atendem a critérios de definições disjuntivas de arte.

"The Art of Video Games", Smithsonian American Art Museum

Contra-Argumentos e Críticas

Críticos como Roger Ebert afirmaram que jogos não podem ser arte devido à sua natureza interativa, que supostamente limita a autoria única. Outros argumentam que a priorização da jogabilidade sobre a estética distancia os video games de obras "puras". No entanto, defensores rebatem que a interatividade é justamente sua contribuição única à tradição artística.

Roger Ebert
Roger Ebert

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Casos de Estudo: Jogos que Desafiam Fronteiras

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Alguns jogos são objetos de estudos, tanto pela sua narrativa, comunicação, sonorização e abordagem sobre elementos que compõem a arte.

Alguns exemplos de jogos que são estudados:

- Journey (2012): Com uma abordagem minimalista sobre peregrinação e conexão humana, onde a comunicação ocorre sem diálogos, apenas por meio de movimento e som. Sua trilha sonora ganhou um Grammy, sendo um marco para a indústria dos video games.

- Hellblade 1 e 2: O jogo, além de ser deslumbrante na forma gráfica e artística, tem seu destaque ao explorar saúde mental com precisão psicológica, usando áudio binaural para simular alucinações. Desenvolvido com a consultoria de psiquiatras e auxiliado por pessoas com esquizofrenia para dar total imersão à obra, o jogo é uma fusão de arte e educação.

- Disco Elysium (2019): Uma narrativa densa e literária, com diálogos filosóficos e críticas sociais, desafiando a noção de que jogos são superficialmente lúdicos.

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Conclusão: A Arte na Era Digital

Os video games representam uma evolução natural da expressão artística, adaptando-se às tecnologias e demandas culturais do século XXI. Se a arte é, como disse Hegel, "a manifestação sensível da ideia", então jogos como Bioshock (que critica o objetivismo) ou Celeste (que aborda ansiedade) cumprem esse papel ao traduzir ideias complexas em experiências interativas.

Mesmo sendo incluído em Manifesto de Artes Atuais, a resistência em aceitá-los como arte muitas vezes reflete preconceitos contra novas mídias, assim como a fotografia e o cinema já enfrentaram. No entanto, a crescente aceitação por instituições, acadêmicos e público sugere que os videogames são uma das formas mais inovadoras de contar histórias e provocar emoções na era digital.

Este artigo apenas sintetiza os debates centrais, mas a discussão permanece aberta, afinal, a arte, como os jogos, está sempre em transformação.

E você, o que acha? Videogames é arte ou apenas uma diversão interativa? Deixe nos comentários sua opinião.

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