Ousadia e Ambição em um Mundo Pós-Apocalíptico
Em um mercado saturado de jogos cooperativos e experiências multiplayer competitivas, 33 Immortals surge como uma experiência audaciosa. Desenvolvido pela Thunder Lotus Games (conhecida por títulos como Spiritfarer e Jotun), o jogo promete revolucionar a fórmula do co-op ao reunir 33 jogadores em uma única sessão, desafiando-os a sobreviver a várias hordas de inimigos em um mundo inspirado na mitologia nórdica com um toque de mundo pós-apocalíptico. Após mais de 30 horas de jogo e 12 raids completas, vou trazer uma análise do jogo, falando sobre as mecânicas, narrativa, acertos e falhas do jogo.
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Visão Geral: Sobrevivência em Massa Contra Deuses Irados
33 Immortals coloca os jogadores no papel de guerreiros ressuscitados, condenados a uma existência eterna de luta. O enredo, embora simples, cumpre o seu papel de pano de fundo para a ação frenética do jogo: os jogadores são "Imortais" que desafiam os deuses em uma rebelião, enfrentando provações cada vez mais difíceis para mostrar seu valor e conquistar sua liberdade. Embora seja bem clichê, funciona muito bem como justificativa para batalhas e ajudua mutua entre os jogadores. O foco aqui não é tanto na história, mas no fato de todos terem que se ajudar para sobreviver.
O grande diferencial do game está no número de participantes: 33 jogadores simultâneos, o que por si só já é um número incomum mesmo para MMOs. E temos o "raid boss battle" permanente, onde a comunicação, estratégia e a adaptação são essenciais para superar todos os desafios.

Gameplay: Caos Organizado ou Confusão Incontrolável?
Mecânicas de Combate e Classes
A destque principal de 33 Immortals é seu combate em tempo real, que mistura elementos de action RPG e roguelike. Os jogadores escolhem entre 5 classes (Tanque, Dano, Suporte, Atirador e Assassino), cada uma com habilidades únicas e árvores de progressão. A personalização é um ponto forte: é possível ajustar equipamentos, atributos e até mesmo combinar habilidades entre classes para criar sinergias.
O jogo tem um combate fluído e bem satisfatório, com ênfase nos combos e dodge timing (tempo de espera que um jogador deve aguardar após uma esquiva para realizar outra esquiva). Os inimigos são variados, desde criaturas menores até chefes que exigem uma coordenação e cooperação de todos. Um exemplo é o confronto contra Surtr, um demônio de fogo que exige que metade do grupo distraia seus ataques enquanto a outra destrói seus pontos fracos.

Porém, o jogo enfrenta um problema/dilema: É fácil se organizar em grupos menores (4-8 jogadores), algo muito comum em outros títulos, mas 33 jogadores juntos exigem quase que uma operação militar. Sem uma comunicação eficiente (via chat de voz integrado ou marcadores táteis), a experiência de jogo rapidamente vira um caos visual. Cada um faz o que acha melhor, da melhor forma e no fim todos acabam tentando jogar sozinhos ao invés de um grupo sólido de combate. A interface do jogo, apesar de funcional, sofre com a sobrecarga de informações na tela quando todos estão atacando simultaneamente. Essa parte me causou um desconforto visual muito grande, pois em certos momentos eu não sabia mais qual personagem era o meu no meio de tantos taques, luzes na tela e outros personagens.

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Progressão e Fator Replay
O sistema de progressão em 33 Immortals é baseado em ciclos de morte e renascimento. Cada "run" concede recursos para aprimorar suas habilidades permanentes, mas caso ocorra uma morte prematura, pode acarretar um reset em parte do seu progresso e essa parte me deixou bem frustrado, pois em algumas runs simplesmente acontece de morrermos rápido por conta dos outros jogadores. A aleatoriedade dos mapas e os eventos secundários (por exemplo: encontros com NPCs e desafios opcionais) adicionam boa variedade ao jogo e ajudam a nos divertirmos sem precisar de um batalhão de pessoas jogando juntos.
Mas algo que percebi é que, após umas 20 horas de jogo, os padrões de geração procedural se tornem repetitivos e acabamos enjoando rápido, pois já sabemos o que nos aguardará, tendo que voltar o foco na batalha principal com 33 pessoas juntas.

A dificuldade é um ponto a ser discutido, pois fãs de Souls-like apreciarão a exigência e precisão que o jogo necessita, mas, jogadores casuais podem facilmente se frustrar com a necessidade de sincronia quase que perfeita em grupos grandes, e essa sincronia é dificilmente encontrada, pois o jogo mistura jogadores, sejam eles novatos ou não. Como disse acima, em morrer rápido, nas batalhas, um erro de um jogador pode desencadear uma reação em cadeia que resultará no fracasso coletivo da partida.
Comecei a jogar nas primeiras horas de lançamento e isso me deu uma boa base para entender o game, mas depois de 25 horas de jogo e três dias de lançamento, percebi que novos jogadores estavam se juntando e esse caos de pessoas sem entender o que estava acontecendo nas batalhas era comum e com isso perdi várias partidas com outras pessoas.

Visual e Direção de Arte: Beleza no Apocalipse
Uma coisa que a Thunder Lotus é conhecida é seu estilo artístico e único e em 33 Immortals a empresa não decepcionou. O jogo combina lindamente uma arte 2D hand-drawn com cenários 3D impressionantes, conseguindo criar um contraste entre os personagens e a grandiosidade dos ambientes. As arenas de batalha variam entre florestas congeladas a cidades em ruínas e todas são repletas de detalhes que ao parar para analisar, nos contam histórias silenciosas de um mundo abandonado pelos deuses. Eu adoro observar cenários e seus detalhes e nesse ponto, 33 Immortals não me desapontou.

Um problema a ser resolvido no game são os efeitos visuais. Joguei o game no Xbox Series S e percebi uma coisa, quando 33 habilidades são ativadas simultaneamente, até mesmo consoles da geração atual (PS5, Xbox Series X/S) sofrem com frame drops. A opção de reduzir efeitos no menu me ajudou, mas acabou comprometendo toda a beleza e o impacto visual que game possui. Analisando outros jogadores em plataformas de PC, percebi que tinham o mesmo problema, ou seja, é necessário um trabalho de ajustes no game.
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Som e Trilha Sonora: Uma Sinfonia de Guerra
A trilha sonora do jogo é composta por Austin Wintory (Journey, Banner Saga), é para mim é outro destaque a ser apreciado. Os temas chegam a ser épicos com corais e instrumentos nórdicos, conseguem elevar a tensão das batalhas, enquanto nos momentos de calmaria são acompanhados por melodias melancólicas e deslumbrantes. Os efeitos sonoros também são ótimos: o estrondo de um martelo divino ou o sussurro de uma flecha mágica ajudam na orientação durante o caos de 33 jogadores fazendo movimentos diferentes ao mesmo tempo.
A dublagem não é o ponto forte, ficando bem limitada. Os diálogos dos NPCs são genéricos (não chegam a incomodar) e os personagens jogáveis não têm vozes, o que reduz um pouco a imersão, mas não tira o brilho do jogo.

Narrativa e Mundo: Mitologia Superficial
Não espere uma hisória icônica em 33 Immortals. Inicialmente a premissa é boa, mas o desenvolvimento durante o jogo fica mais raso. Deuses como Odin e Hela são retratados de forma mais simples e a história não é aprofundada. A falta de cutscenes entre as batalhas deixa um pouco de vazio no ar. Logo percebemos que o mais importante é apenas a batalha em conjunto.

Multiplayer: O Sonho e o Pesadelo de 33 Jogadores Simultâneos
Como ja havia dito antes, jogar com 32 estranhos é uma experiência única: as vitórias nos trazem euforia, enquanto derrotas geram debates acalorados sobre estratégias. O matchmaking é muito rápido graças ao cross-play entre todas as plataformas, mas a falta de um sistema de clans ou grupos pré-formados e isso dificulta a criação de comunidades estáveis. Como disse, você pode estar jogando com alguem expriente ou um novato que continua aprendendo a lógica do jogo.
O maior problema do jogo é a dependência e a falta de comunicação. Enquanto grupos organizados (via Discord) conseguem dominar uma partida, jogadores casuais se veem perdidos em meio ao caos de personagens c ada qual fazendo uma atividade e a pessoa fica perdida nesse meio e acaba morrendo, o que pode comprometer toda uma partida. Uma solução seria a implementação de ferramentas de comunicação mais intuitivas.

Jogar com 33 pessoas exige muito dos servidores. Estudando algumas análises para este artigo, vi que muitas pessoas encontraram lags esporádicos e até quedas de conexão em horários de pico. A Thunder Lotus já anunciou melhorias.
Você tem a opção do single-player (modo offline com bots), aqui o desempenho é impecável, mas a IA dos companheiros é limitada e isto pode tornar suas batalhas menos desafiadoras para jogadores mais exigentes.
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Conteúdo Pós-Campanha e Atualizações
Por hora, 33 Immortals oferece 4 chefes principais e 12 arenas secundárias. A endgame loop envolve farmar equipamentos lendários e competir em leaderboards de tempo, então tenha paciência com seu jogo. Os desenvolvedores prometeram atualizações trimestrais com novos chefes e eventos sazonais. Embora o jogo tenha um fator de diversão muito bom, o conteúdo atual ainda parece pequeno para um jogo focado em rejogabilidade.

Prós e Contras
Prós:
- Combate dinâmico e satisfatório;
- Direção de arte deslumbrante;
- Trilha sonora épica;
- Inovação no formato de co-op em massa;
- Progressão recompensadora.
Contras:
- Comunicação caótica sem um grupo organizado;
- Conteúdo inicial limitado;
- Problemas técnicos em sessões lotadas;
- Narrativa superficial.

Conclusão: Uma Ousadia que Vale a Pena, Mas com Ressalvas
33 Immortals é um jogo corajoso que desafia convenções do gênero multiplayer. Oferece momentos de glória coletiva inigualáveis, onde cada jogador sente-se parte de algo maior. No entanto, a dependência de coordenação o limita a um nicho específico de jogadores. Caso você tenha um grupo organizado e disposto a encarar a curva de aprendizado, é algo para você.
Para jogadores casuais ou solitários (meu caso), a experiência pode ser frustrante em muitos momentos. Mas se você busca um desafio e tem uma guilda pronta para a guerra, 33 Immortals é uma aposta que pode render horas de adrenalina.
33 Immortals está disponível para PC, Xbox Series X/S e PlayStation 5.
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