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Final Fantasy XVI: Review de The Rising Tide

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The Rising Tide abraça novos desafios e entrega uma nova região para Final Fantasy XVI repleta de mistérios e novidades, mas falha em manter uma narrativa consistente com a obra onde está inserida. Confira nosso review completo da segunda DLC de Final Fantasy XVI!

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rezensiert von Romeu

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A segunda e provável última expansão de Final Fantasy XVI foi lançada na última quinta-feira, 18 de abril. The Rising Tide apresenta uma nova e belíssima região no jogo, intocada pela Primogenesis e onde habita o Dominante do Eikon perdido, Leviathan.

Com aproximadamente dez horas de duração, sendo entre quatro e cinco de história principal e cinco a seis de missões secundárias e uma nova masmorra, The Rising Tide está disponível na PlayStation Store com valor de R$ 104,90, e está incluso no passe de expansão de Final Fantasy XVI junto da primeira DLC, Echoes of the Fallen, por R$ 133,90.

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Enquanto se destaca pelas levas de inimigos com padrões de ataques inovadores, chefes desafiadores que demandam um bom entendimento das habilidades de Clive e Ifrit, novos poderes de Eikons e personagens que ajudam a aprofundar a história por trás da misteriosa região de Mysidia, a expansão carece de profundidade narrativa e se apoia em uma história que agrega muito pouco a alguns dos principais personagens de FFXVI e a construção do seu mundo.

Após alguns dias explorando a expansão e completando cada um de seus novos desafios, apresento esta análise dos pontos de The Rising Tide e seus acertos e erros em um review livre de spoilers!

Nada como um belo céu azul

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

The Rising Tide leva Clive e seus aliados para uma nova região no Norte de Valisthea, Mysidia, um pequeno refúgio dos últimos descendentes das águas e região onde se encontra o atual Dominante do Eikon perdido, Leviathan.

Diferente do resto do continente e por razões explicadas durante a história da expansão, Mysidia possui um belo céu azul intocado pela Primogenesis - logo, aquele filtro roxo existente em todo o mapa é inexistente na região e dá ao jogador um excelente respiro da ambientação depressiva com “cara de fim de mundo” que a terceira metade de Final Fantasy XVI possui.

A região também possui sua própria leva de masmorras, caças, missões secundárias e equipamentos exclusivos, todas com um pouco mais de detalhamento sobre a cultura daquele povo e a história por trás do desaparecimento de Leviathan durante tantos anos - o que colaboram em criar uma experiência imersiva ao jogador enquanto ele explora mapas belos e ricos em detalhes.

Novos Inimigos e habilidades trazem mais dinamismo ao combate

Ao explorar esses mapas, também encontramos novos inimigos. A maioria são meras roupagens novas para inimigos já bem conhecidos de outras regiões de Valisthea, como lobos, flans e Coeurls, mas todos com novos padrões de movimentos que podem torná-los relativamente desafiadores.

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

No entanto, temos os Tonberries, uma criatura icônica da franquia da qual ainda não havia aparecido em Final Fantasy XVI. Em The Rising Tide, eles são uma raça de homens-fera que se alimentam e veneram o ódio e ressentimento acumulado de outras pessoas ou da própria raça, fazendo com que os mais velhos - chamados Reis Tonberry - sejam venerados pelos mais novos por “acumularem mais ódio” no longo das suas vidas.

Os Tonberries comuns apresentam pouco desafio já que, em maioria, são lentos e seus ataques são fáceis de telegrafar. Mas os Reis Tonberry, com suas facas gigantes, podem pular, atacar por cima, desferir golpes com área de efeitos e alguns outros golpes que podem nos pegar desprevenidos e criam uma nova camada de desafios.

Essa camada também é complementada pelos novos chefes. O Timekeeper, em particular, se destacou nesse quesito pela diversidade de ataques inteiramente novos para FFXVI e certamente se encaixa como um dos inimigos mais desafiadores do jogo após a expansão.

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Leviathan é um desafio colossal

Mas o grande desafio em The Rising Tide está precisamente no confronto contra o Eikon da Água, Leviathan.

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

Sua batalha possui múltiplos estágios, dos quais nos obrigam a utilizar o máximo de cada habilidade e combo disponíveis quando Clive se transforma em Ifrit, sendo quase impossível passar dele pela primeira vez sem ser derrotado pela sua alta variedade de ataques e imprevisibilidade deles.

Leviathan é extremamente punitivo em vários estágios - seus ataques causam bastante dano, frequentemente em múltiplos hits, sendo necessário pensar rápido ou ter diversos ciclos de tentativa e erro para aprender o padrão dos seus movimentos, como pressionar o ataque necessário e como desviar dos seus golpes mais punitivos.

Kairos Gate é excelente em um jogo focado em combate

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

Ao completar a expansão, Clive pode retornar ao Esconderijo e interagir com a Arete Stone para desbloquear um novo modo de jogo (e outro segredo a mais) - o Kairos Gate, composto de fases com diferentes inimigos onde o jogador precisa escolher os bufos para o herói com base nos pontos que ganha ao completar cada batalha.

Ao todo, o Kairos Gate possui vinte fases (e uma fase secreta caso completem todas as fases com pontuação de Rank S no Modo Final Fantasy), e oferece um excelente e divertido desafio de endgame para os jogadores mais aguerridos no combate, onde precisam contar apenas com suas habilidades e os buffs permanentes ou temporários disponíveis para superar esse desafio, já que o uso de itens é proibido e Clive não possui a configuração específica de acessórios escolhidos pelo player.

Cada fase da Kairos Gate oferece uma recompensa: uma versão “brilhante” de armas do jogo, ou materiais que podem ser utilizados para construir novas armaduras e armas, ou acessórios para os novos poderes de Clive - e caso ele seja derrotado, é necessário recomeçar desde o primeiro estágio novamente.

Um enredo inconsistente

Os aspectos de exploração e gameplay são o ponto forte da nova DLC, mas sua história, por outro lado, desapontam por uma dúzia de fatores.

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

A primeira é o enredo não soar como canônico por trazer algumas inconsistências na narrativa geral de Final Fantasy XVI. Um dos exemplos está na famosa “onda congelada” que pode ser vista nas Planícies Reais de Sanbreque, da qual vemos NPCs observando ela desde a primeira que visitamos a região e questionando se ela sempre esteve ali - descobrimos em The Rising Tide que ela existe faz muito mais tempo do que era especulado, mas como camponeses e outros personagens agem, então, como se aquela onda fosse um evento novo na região?

Tal qual a teoria de que o Drake's Eye, cristal-máter das Terras do Norte foi a causa daquele fenômeno foi rejeitada pelo público porque o povo de Sanbreque ou de Valisthea como um todo se lembraria desse fato histórico, o tempo em que as ondas cristalizadas existem não corresponde às reações que vemos dos NPCs quando Clive chega nas planícies reais pela primeira vez, estabelecendo certas incoerências entre a DLC e o jogo principal.

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Este é só um de alguns dos pontos em que The Rising Tide não parece seguir as regras pré-estabelecidas pelo enredo de FFXVI e acaba criando uma história e um conteúdo de endgame que soa, precisamente, como uma DLC com pouco ou nenhum valor para a história do jogo, quase uma ficção paralela cujos eventos não podemos considerar integrais para o desenvolvimento da lore, dos personagens ou do mundo.

Enquanto não mencionamos mais detalhes dessas inconsistências para evitar spoilers, recomendo levar uma parte da história de The Rising Tide com certo ceticismo e até evitar expectativas muito altas sobre ela - especialmente se você espera alguma mudança na história principal de FFXVI.

Excelente construção de mundo, mas novos personagens deixam a desejar

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

Tal qual ocorrido em Echoes of the Fallen, os novos personagens e suas motivações são relativamente “fracas” quando comparadas com o contexto geral de Final Fantasy XVI - até Shula, cuja participação na DLC é bem expressiva e relevante, carece de profundidade e até de motivação para suas ações que vão além de “querer consertar os erros do passado”.

Por outro lado, enquanto não apresentam histórias tão relevantes, as missões secundárias e os NPCs ajudam a dar um panorama melhor de como o povo de Mysidia viveu afastado de Valisthea por tanto tempo e como sua cultura (cuja religião é bem distinta das que vemos em Sanbreque ou no Reino de Ferro) influenciam os hábitos de seu povo e a arquitetura da região.

Mysidia é um lugar rico de detalhes, tanto visualmente quanto em lore. As missões secundárias nos fazem entender melhor a região e como até as criaturas selvagens, como os já mencionados Tonberries, possuem sua hierarquia e cultura.

No fim, Jill não teve a atenção devida

Imagem: Square Enix
Imagem: Square Enix

Ao iniciar a expansão e perceber que visitaríamos as terras do Norte, região onde Jill nasceu, minhas expectativas sobre sua presença na DLC foram às alturas - afinal, essa não apenas foi uma das promessas durante o desenvolvimento quanto também era um ponto que os jogadores desejavam muito.

Jill é uma personagem excelente por conta própria: uma pessoa que precisou encontrar seu próprio valor em um mundo onde sempre foi tratada como ferramenta - fosse para evitar que Rosaria fosse invadida pelo Norte, ou como a Dominante da Shiva no Reino de Ferro - e seu arco envolve a liberação da culpa pelas mortes que causou, mas também a morte desse “monstro” que tornaram dela.

Tal qual Clive, sua libertação envolve livrar-se das amarras dos papéis que lhe foram impostos para seguir seu próprio caminho, e no meio disso, há Shiva, parte da causa recorrente do seu sofrimento durante os anos em que foi escravizada pelo Reino de Ferro.

The Rising Tide, no entanto, não trouxe mais profundidade para Jill, mas para Shiva e a relação do Eikon do Gelo com as terras do Norte e o povo de Mysidia. Jill, por sua vez, ficou novamente relegada ao papel de suporte narrativo, sem tanta participação ativa e quase nenhum espaço dedicado integralmente a ela ou ao seu “retorno” para uma parte da região que, um dia, já foi o seu lar.

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Prós e Contras

Prós

  • Novos inimigos trazem mais dinamismo ao combate.

  • Novas habilidades de Eikons são inovadoras e mecanicamente relevantes.

  • Mysidia é a região mais bonita de Final Fantasy XVI.

  • Leviathan é a batalha de Eikons mais desafiadora do jogo.

  • O Kairos Gate é muito divertido, mas com pouco potencial de rejogabilidade.

    Contras

  • Personagens e história da expansão são desinteressantes e agregam pouco para a narrativa geral de FFXVI, ou até trazem alguma inconsistência.

  • Jill não teve o destaque prometido apesar de Mysidia estar na mesma região onde ela nasceu.

  • Algumas mudanças - ou a ausência delas - certamente deixará alguns jogadores insatisfeitos.

    NOTA: 80 / 100

    Apesar das falhas, The Rising Tide é divertido e desafiador

    Entre o novo mapa e sua beleza estética, os novos inimigos, o combate altamente desafiador de Leviathan e as novas habilidades de Eikons que permitem uma diversidade ainda maior de builds, além da Kairos Gate como um novo desafio opcional, The Rising Tide faz seu trabalho em garantir entre quatro e dez horas de diversão aos jogadores, além de diversas novas possibilidades para um New Game+.

    Imagem: Square Enix
    Imagem: Square Enix

    Ele tem falhas inerentes na sua narrativa, seus personagens não comovem e ela certamente errou na maneira de dar mais ênfase para Jill ao resolver fazê-lo com Shiva ao invés de aproveitar a própria personagem, mas nos quesitos de jogabilidade e diversão, ele tem acertos muito grandes que, á menos que você seja um dos mais aficionados em lore e construção de mundo ao invés de gameplay, fará com que Rising Tide valha o investimento - especialmente no Bundle em conjunto com Echoes of the Fallen.

    Obrigado pela leitura!